quinta-feira, 26 de abril de 2012

Alvaro Benigno de Sousa (Mestre Álvaro), 29 de dezembro de 1908 a 10 de abril de 1994


Álvaro era natural de Pombal, filho de Filemon Estevão de Sousa e Ana Benigna de Sousa, irmão de Lelé, Maria das Dores e Benigna(Lourdes). Estudou o primário pelas casas das mulheres, que alfabetizavam os moleques naquele tempo, e sua caligrafia era muito bonita, relatou Sônia sua sobrinha.
Mestre Álvaro ,recebeu este prefácio, por ser ele alfaiate, e provavelmente ter iniciado com o amigo Adamastor Gouveia, bem como a Lélé, seu irmão, além de Dedé da Rua do Cacete Armando, entre outros(todos in memória). Além da alfaiataria, era agricultor e dono de canoas, que na data serviam a população, pois atravessavam as pessoas no período das cheias do rio Piancó, sob o comando de Chaguinha. Sua Localização exata era mais próxima ao corredor do rio, na Rua de Baixo. Acontece que neste período, ainda não existia a velha ponte, mas mesmo que houvesse seus serviços seriam inúteis, uma vez que as cheias, sempre ultrapassaram a marca do velho Grande Hotel, e o postinho central.
Tunillo Moto taxi, comentou que na sua infância sempre corria para as margens do Rio para ver os canoeiros, atravessarem de uma margem a outra, os comerciantes (feirantes), aos sábados, e no fim da feira, que era a tardinha.
Mestre Álvaro, nunca quis casar para não deixar sua mãe, mas tornou-se pai, dos filhos dos seus irmãos (o pai de Felizarda, casou duas vezes, bem como Lelé), e  ele ajudou a cuidar dos sobrinhos, e cuidou de sua mãe até seu ultimo dia sobre esta terra. Ouvi relatos que tivera uma namorada na rua de baixo, mas nunca quis casar.
Álvaro, era homem honesto, respeitador, e respeitado por todos! Sónia de Bubil e dona Vanda disseram: -‘’Um dia ele foi falar com o papagaio de Nedina de Godor, pois não podia ver bicho, que ele ficava brincando. Quando foi um dia ele recitou assim: - Melhoral, melhoral, melhora e não faz mal! Têca de Dr. Lourival, que não era gente, ensinou ao bicho, um monte de palavrões dias depois deste fato, pois sabia que deixaria Álvaro sem graça! E na outra oportunidade, que teve de recitar a frase: - Melhoral, melhoral, melhora e não faz mal! O papagaio completou: - E o ***?! Ele então ficou todo encabulado, que nunca mais puxou brincadeira com o bruto! Como ele era muito serio, não gostava de brincadeiras, e não as tirava com ninguém!’’
Dona Felizarda (Vanda), lembrou de um fato interessante: -‘’Tia Lourdes era famosa por seu arroz doce, e minha prima Vanda, chegou na casa dela e pediu um pouco do arroz que acabara de fazer, nisso minha tia disse que não, pois aquele arroz era para Inácio. Bom, insatisfeita com a negativa, a danadinha pegou um prato escondido, colocou o arroz nesse prato, e foi correndo para tio Álvaro e disse assim: - Olha aqui, que tia Lourdes mandou para o senhor! Ele comeu tudo, e ficou muito satisfeito! Mais tarde quando tia entra lá em casa Álvaro olha e comenta: -Oh, Louuurdes, muito obrigado pelo arroz, estava uma maravilha! Tia Lourdes gritou: - Aquela sem vergonha carregou o arroz de Inácio e trouxe para cá!‘’
No dia primeiro do mês de janeiro de 1994 ele adoeceu, era vitima de uma ulcera, e estava sentido dores, mas não havia revelado, então tomou um suco de acerola, como de costume, este provocou uma hemorragia, pois sua ulcera estrangulou, e ele partiu meses depois no hospital de Pombal! Como retribuição, Sônia cuidou dele até o fim. Ele havia cuidado dela desde os dez meses, e ajudado seus irmãos e primos, conforme comentado anteriormente.
Ao mestre Álvaro o nosso muito obrigado, sua contribuição para o processo de desenvolvimento desta bela cidade, em muito nos foi útil. Sua doação a família e aos seus, além dos trabalhos que desenvolveu proporcionando uma nova perspectiva de vida aos nossos conterrâneos, nos auxiliaram. Que Deus o Senhor da vida, te dê a recompensa e te conceda a paz!




Texto Paulo Sérgio

terça-feira, 17 de abril de 2012

Inácio de Oliveira Nóbrega(Fogueteiro), 13 de setembro de 1901 a 15 de novembro de 1983

Natural de Brejo do Cruz – PB, era filho de Manoel Simão dos Santos, e dona  Maria Penha de Jesus, tendo por irmão, Severino (in memória), que gostava muito de pescar e caçar, este morava em Caicó.
Quando criança, o garoto Inácio, estudou pouco, provavelmente o colegial (antiga 5ª série), mas foi o suficiente para torná-lo membro da banda de música de sua cidade, e anos depois, ser incorporado ao quadro da policia Militar do Estado da Paraíba, aonde prestou relevantes serviços na cidade de Campina Grande, morando na Rua João Pessoa. Agora por motivos de um desentendimento, acabou quebrando um camaradinha, naquela cidade, e foi desligado da polícia. Foi quando decidiu vir morar em Pombal e continuar sua vida em companhia da nova família (Isso porquê Inácio Puçá, casou uma primeira vez com Manuella Maria da Conceição, em 28 de dezembro de 1921, na igreja matriz de Brejo do Cruz.), da primeira família tinha dois filhos: Francisco das Chagas(in memória), e Manoel, este mora para as bandas do Amazonas, porém  hoje, não se sabe ao certo sobre sua vida. Depois de romper seus votos, Inácio contraiu um novo casamento com Inez Guedes da Silva, que teve de fugir para poder casar, pois sua família não queria o romance, feito isto, casaram, e ela passou a assinar como (Guedes de Oliveira), por meio de casamento civil cujo registro n* 527, livro 08, pagina 252v, data esta união em 18 de fevereiro de 1933, no cartório da comarca de Areia, logrado na Rua Getúlio Vargas, 136. Inez era Carioca, filha de Manoel Guedes da Silva e Augusta Moreira Guedes (naturais de Areia, mas um irmão de Augusta, sua mãe, que era comandante da Polícia militar no Rio de Janeiro, deu um sítio  a irmã, para criar os filhos por lá e eles foram, ficando revezando sua estadia entre a Paraíba e o Rio de Janeiro. Desse novo enlace nasceram os filhos: João (in memória), além de Sebastião( hoje mora no Rio de Janeiro), José e Inácio(Didi), que moram em Pombal ainda.
            Inácio, quando chegou a Pombal, no início dos anos 40, morou na Rua Nova (Cel. João Carneiro), no antigo Bangalô de Sá Leite, onde funcionou a agencia bancário e hoje funciona o shopping SEBRAE; nesse período o velho bangalô(que soube foi erguido por Sá que estava noivo com Maricô, e como ela rompeu o noivado, o homem não mais terminou a casa abandonando a construção), era alugado a duas famílias, que dividiam os cômodos: Era seu Inácio Nóbrega e Chico de Maria Querosene(ainda viva).
Didi comentou que o primeiro empreendimento do seu velho e saudoso pai, foi uma padaria, na data existiam poucas casas comerciais, a padaria foi montada por um amigo chamado Sebastião Alves do Vale do Piancó, que morou muitos anos em Campina Grande, a ``Rainha da Borborema`; depois da padaria, seu Sá Cavalcanti (prefeito na Época), ofereceu, para ele o bar do Coreto, que acabara de ser construído, ficou com os dois simultaneamente; depois montou uma cantina, mas isso até 1947.

Seu Inácio era um verdadeiro mestre na confecção de fogos de artifícios, pois aprendera desde muito jovem, com a família de dona Inez, que era toda de fogueteiros em Areia. Por aqui, logo adquiriu freguesia, no entanto, não era esta, a sua única atividade, uma vez que o velho Inácio Nóbrega, também confeccionava caixões, e abriu uma casa funerária, que segundo o filho José, era referência na micro-região de Pombal ( que compreendia Malta, Lagoa, Jericó, Paulista, e demais localidades), o estilo das urnas funerárias eram rústicos, para o ato final da vida de um ser, mas como antigamente, enterrávamos nossos entes a sete palmos, ou em cova rasa, com uma tanga de rede apenas, esta novidade tornava-se  artigo de luxo!  O caixão era uma modernidade , mas para quem não sabe, ou não recorda, era uma armação, um fino esqueleto de madeira; no fundo uma tabua estreita, com 3 ou 4 cm de espessura, com um formato de cruz, para dar sustentação, tanto a estrutura, como um todo, quanto  aos membros do corpo sem vida, e o acabamento era sempre feito com um tecido de morim preto, muito leve. Eu me recordo, que os calcanhares desciam um pouco pressionando o tecido, na altura dos pés.
Assis de dona Bulita, uma vez comentou para Pedrinho e eu, dizendo que quando o seu avô João Clemente de Sousa partiu, então Acidália (in memória),  sua tia, mandou que ele e Chagas, seu irmão, fossem comprar um caixão lá em seu Inácio, eles foram e com a vergonha maior do mundo trouxeram aquele caixão na cabeça. Assis disse assim: -‘’ Quando agente chegou lá em casa , e destamparam o caixão estava o nome bem grande PITÚ  no fundo, aonde ficaria as costas! Quando tia Acidália viu, disse: - Pitu? Papai vai ser enterrado com o nome pitu nas costas? Vai não! Ô Assis e Chagas, volte lá em seu Inácio e diga que mande outra urna, porque meu pai não vai ser sepultado nesse aí não! Nós fomos, mais com a mesma vergonha, desfilando com aquele caixão preto na cabeça!’’
José lembrou: - ‘’Ele começou a fabricar caixões no mesmo período que Pedro Corisco, agora foi depois um pouco em 1947. Sua primeira venda foi em casa (no antigo Bangalô), e construiu até um barraco para vender os fogos, mas quando  Seu Sá Leite vendeu a casa para construir a agência bancária, ele então montou seu comércio onde foi o deposito de Pedro Celestino Dantas(Pedrão, in memória), teve também outra casa funerária defronte a Nery, uma na Rua do Rosário, e por ultimo, foi na Cel. José Fernandes, vizinho a Zé Nogueira.’’ E continuou comentando: -‘’ Papai era uma pessoa boa, mas tinha um grande problema com o álcool, bebia demais! Bebia tanto que adoeceu, então passou vinte e dois dias em João Pessoa, si tratando, e quando voltou, veio gordo, bem tratado e bonito! Só que não deu muito tempo, ele logo caiu na cachaça, e dessa vez não durou muito, ele ficou bem magrinho, pois fazia muita extravagância!’’ Quando adoeceu novamente, mandou chamar o filho José, que na data encontrava-se em Irecê na Bahia, e junto com o irmão João e a esposa Daguia de Zé Pequeno, cuidaram do casal, e o fizeram até o fim. Depois da partida de Inácio, José foi embora para Natal, e com um tempinho foi a vez de sua mãe, mas só obteve notícias, tempos depois``.
Zé Nogueira disse: -‘’Seu Inácio tinha o prédio aí de fronte ao açougue publico o prédio muito velho, as telhas todas quebradas. Então certa vez choveu bastante, e toda vez que chovia, molhava os caixões devido às goteiras, e nisso passa Manoel doido (Manoel foi outra figura perturbada, que andou por nossas ruas descalçadas, mas como se fosse um grande inimigo, foi morto por enforcamento dentro do rio, por trás do grande hotel, e até hoje não se sabe o executor do feito maléfico), quando viu os caixões na calçada gritou: - Seu Inácio, leve estes caixões para feira que o senhor vende tudinho! E o povo só fazia achar graça. ‘’
Inácio Nóbrega, era fã de um carnaval, gostava de brincar na sede operária, comprava sempre duas fantasias, uma para ele, e a outra era para João, seu filho. No mais era requisitado pelos amigos ricos Juca Arruda, Dr. Lourival e Zé Arruda, para enfrentarem uma caçada, ou ainda uma boa pescaria, que nunca recusava o convite.
No ano de 1966, seu filho José sofreu um balaço, vindo de um policial, que alegou ter disparado por engano, e este engano, quase o ceifou! O Pai aflito fez um voto a São José, que intercedesse a Deus pelo seu filho, e se de fato ficasse curado, construiria uma capela, e faria as novenas em honra do seu santo padroeiro enquanto vida tivesse, o rapaz então ficou curado! Para cumprir com o prometido, ergueu o pequeno templo, e todos os anos realizava o tríduo e a festa social, estas aconteciam na Rua do Rosário, e de lá saíam às procissões com grande aglomeração de fieis, para a pequena capela, onde aconteciam as celebrações das missas. A capela existe ainda hoje, esta precisando de alguns reparos, nas paredes e no teto. A nora Daguia,  tomou conta das festividads algum tempo, com a mesma pompa e festejos, e hoje através de José.
Didi comentou: -‘’Há muitos anos papai morou com a família em Caicó, ele tinha apenas um irmão, e se chamava Severino, ele havia sofrido um acidente que o deixou  todo atrofiado. Papai foi morar lá para cuidar de meu tio, e mandou fazer um carro de mão para transportar Severino, uma vez que não existiam cadeiras de rodas, e o filho mais moço era quem levava o pai. Eu sei que papai tinha um acordo com meu tio: ele ia bancar tudo para sua família, e ele em contra partida não pediria nada para ninguém! Quando foi um dia papai flagrou Tio, pedindo dinheiro para o Tenente Celso(Prefeito de Caicó), ficou com muito desgosto, porque o irmão não tinha necessidade de pedir nada, pois ele dava de tudo, e até chorou! Nisso ele fez uma promessa para São Sebastião para que rogasse a Deus, e que se o irmão dele ficasse em condições de pelo menos comer com suas próprias mãos, mandaria fazer uma capela, em sua homenagem; com uma semana tio Severino estava comendo com suas mãos, aí papai começou a cavar o alicerce, e quando acabou de erguer o templo, no ponto mais alto de Caicó, meu tio estava de pé, ele foi agraciado! Meu tio partiu anos depois, pois sofria do coração e estava pintando uma casa, quando enfartou e caiu de cima da escada.’’ Didi comentou ainda que o seu pai tinha muita confiança em Deus, e tudo quanto pedia recebia, mas nunca cuidou de sair de pequenos vícios, como beber, ou jocar, que arruinaram suas finanças.
Chico de Ozório comentou que em determinado momento de sua vida convidou Inácio Nóbrega, para ir caçar no Maranhão, pois tinha um cunhado seu que era do fisco, e saia uma turma grande para lá, mas quando chegavam e começavam os preparativos para a caçada, seu cunhado e Inácio, faltavam ir as vias de fato, por causa da paixão pela política, que os possuía. E por falar em paixão política, Inácio Oliveira da Nóbrega, era UBD(União Democrática Brasileira), roxo, partido dos Carneiros. Na campanha que saiu Elry Medeiros, candidato, seu Inácio mandou fazer um grande pavilhão entre a coluna da hora, e o centenário, mandou cobriu com palhas secas de coqueiro, e quando na hora do comício, todos naquela festividade, ele então pegou na vareta do foguetão, pôs fogo, e o solto, aí a taboca subiu, mas veio explodir quase sobre a palhoça, que por estar seca, pegou fogo rapidamente, e todos que estavam debaixo correram das chamas, no fim acabou o comício antes do tempo. Ele mandou enfeitar todo o centro da Cida de Pombal de bandeiras pretas, quando da partida eterna de Getúlio Vargas, como comentou Inácio Filho, ele de fato era partidarista fanático.
A Inácio Fogueteiro, o nosso muito obrigado, por fazer útil a nosso povo, as suas idéias, servindo a toda população que festejava (com os fogos), ou que sofria em polvorosa nos seus momentos de dificuldade sentimental, e até social. Pelo seu lado religioso, e humano, auxiliando aos mais carentes, quando dividia os pagamentos para os mais pobres, esperando o soldo do mês seguinte. Que Deus te conceda, a recompensa  que te for devida, e te conceda a paz.
                                                                     Texto Paulo Sérgio. 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Jaime Monteiro da Silva, 10 de setembro de 1938 a 03 de fevereiro de 1977

Natural da cidade de Pombal, Jaime era filho de Sebastião Monteiro da Silva e dona Geracina Monteiro (Cindra), segundo Marcos Tavares, o Marquês do cartório de registros civis, seu Sebastião era padeiro nesta cidade. Por irmãos, Jaime tinha Monteiro (in memória, vitima do álcool), Idelvita e Graça (também in memória), além de Mariquinha, que vive para os lados de Campina Grande-PB.
Estudou o primário, pelas casas dos vizinhos e amigos que alfabetizavam os meninos antigamente, sendo dono de uma bela caligrafia, e utilizava dela para expressar uma de suas artes, o grafite, que por profissão, abria letreiros na antiga Lojas Paulista, e posteriormente Casas Pernambucanas (cujo o capital era do exterior), administrada por ultimo pelo gerente Ari Aleijado. Além dos letreiros, desenhava a promoção do dia apontando as mercadorias, que estavam no expositivo, sempre envoltas de um morim estampado. Abria ainda os letreiros nas campanhas eleitorais e era bastante requisitado para pintar nas redondezas, como Paulista e Malta, que na data eram reduto político de Pombal, além de muitas outras da região.


Em 1956 dotado de muita inteligência e esforçado, descobria Jaime Monteiro a partir dos ensinamentos de Zequinha, um morador da vizinha cidade de Sousa-PB (este era pai de Ceição, uma mulher da vida que fez história por Pombal), que dando a ele os seus primeiros acordes, abriu uma janela para transformá-lo em um dos maiores sanfoneiros destes arredores, com uma sanfona de 120 baixos nas mãos. Existem pessoas que possuem um dom e o deixam oculto por não saberem aproveitar aquilo que receberam, mas Jaime soube aproveitar. Seu dom era fabulosamente belo, e bem apresentado, uma vez que o fazia para as diversas pessoas, ou em outras palavras para aquela parcela masculina da nata pombalense, que frequentavam os bordéis.
Jaime tocava com perfeição sua sanfona, que tinha estampado o seu nome: Jaime Monteiro. No ano de 1958 aproximadamente, ele já tocava nos cabarés desta cidade, e por ser noivo de Creusa Ferreira, filha do velho Love (Virgílio, que era um antigo proprietário de uma casa de diversão masculina ,O Brega, como ela intitula a casa. Também dono de um salão de jogos tudo isso nas horas de folga, pois era agricultor durante o dia). Contou-me Genival Severo, que o velho proprietário abria uma janelinha, a única ligação com o salão de festas, e depois quando o salão estava cheio, lá vinha ele cobrar a cota para tirar suas custas do contrato já pago com antecedência ao sanfoneiro. Assim, começava a ganhar fama, pelas festas que tocava para o sogro.  Com ele, seguia o mine fã clube do Jaime Monteiro, alguns aprendizes e dentre eles o seu mais brilhante aluno, o famoso Geraldo Bernardino que o acompanhava para onde quer que fosse, pois segundo o próprio Geraldo, ele dava espaço para os que desejavam tocar, e dessa maneira despertava o gosto pelo seu instrumento musical, a Sanfona.
Genival Severo que é uma figura bem conhecida nesta cidade, teve um particular com o maior sanfoneiro dos tempos atuais nesta região, Geraldo Bernardino, e ouviu da boca do músico: -`` Havia um grande e habilidoso tocador chamado Jaime Monteiro ``, e completando  falou: -`` Como tocava nos bordeis, foi deixado de lado e sua fama encoberta pela sociedade, pois ninguém queria ter em sua festa particular um homem exclusivo da zona de baixa meretriz, uma pena! Perdeu Pombal - PB, um grande e talentoso artista e perdeu de fazê-lo conhecido na integra e apresentá-lo aos Estados vizinhos e nos centros desta cidade!`` No centro eu concordo, pois as senhoras e alguns homens não si davam a este luxo. Agora os freqüentadores das casas de diversão, boa parte era do centro e dos arredores, e obvio que o eram de carteirinha. Eles sabiam da sua relação com este belíssimo instrumento musical, mas a modéstia e a velha moral os impedia de o revelar!
Geraldo Bernardino em outra oportunidade disse em entrevista na sua residência: -`` Rapaz, Jaime foi o ídolo da música de minha adolescência, eu tinha uns 14 anos e via-o tocar nos cabarés de Pombal - PB, achava tudo bonito, daí me aproximei pela sanfona! Quando fiz o pedido ele começou a tocar para eu ir aprendendo. Olhe era ele, um do Sítio Catolezinho chamado Genival e também Dedé de Carintoso, esses camaradas depois abandonaram tudinho. Depois disso ele me levava para tocar em Catolé com ele, agora lá eles respeitavam a gente, sabia onde agente tocava, e agente tocava no ambientes e tudo mais.  Anos depois eu comecei a fazer festas sozinho e andei por Catolé – PB novamente, e era requisitado por todo mundo inclusive mulheres casadas que estavam com seus maridos  nas festas comuns, chegavam e pediam música também, sem nenhuma dificuldade, agora aqui era tudo mais diferente!``
Em 19 de novembro de 1958, o Padre Andrade, na Matriz de Pombal - PB assistia os votos de amor e fidelidade entre Jaime Monteiro e Creusa Ferreira (ela morava no orfanato de responsabilidade de Antonieta Pereira, e saiu para poder casar), teve três filhos, um casal de gêmeos, que nasceu sem vida e o ultimo chamado Jaime, mas não sobreviveu também. Nesse período, Creusa, disse ter passado por uma depressão pós-parto, e não chegou a conhecer o seu filho, pois fora retirada para a Capital do Estado, até ficar recuperada.
Em 1961, boatos deram conta de uma suposta traição mútua do casal, e sobre o marido pesava ter tido um chamego com Maria Anália (Mulher da vida e a mais valente que já apareceu nessa região, pois desafiava homem e mulher era muito destemida), que na época trabalhava com o velho Love. Acontece que devido aos boatos destas supostas traições, Creusa e Jaime se apartaram e nunca mais reataram a união, ela não quis mais saber de casamento, e teve ela ao longo de sua vitalidade feminina 22 filhos para ser mais preciso, frutos de romances pouco duradouros ou apenas uniões casuais, como expressou.
 Depois de apartado, Jaime Monteiro por desgosto em decorrência dos acontecimentos vividos, passou a beber mais ainda, jogando a sua vida diretamente para os cabarés. Então decidiu fazer vida com a mundana Maria Anália, e com ela teve 05 filhos, restando apenas Socorro, que ao que tudo consta, havia tirado os traços da formosura da sua mãe Maria.
Os amigos lembram que Jaime tinha os peitos todo cortado por gilete , pois Segundo José Deodato(o Magro do Jogo), as meretrizes, sempre andavam com este pequeno instrumento de corte, debaixo da língua, para defesa pessoal, ou para o caso de algum esperto não quisesse pagar pelos serviços prestados. Os doze primeiros cortes, todos superficiais, mas o golpe deferido pela própria Anália, o 13a corte, foi mais complicado, e após o acontecido Maria Anália buscou refúgio na casa de Chico Pereira, temendo ser presa, pois gozava de boa amizade com a família, no entanto, ninguém apresentou queixa. Obtive registros de uma passagem de Jaime, músico no Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro por apendicite aguda, cirurgia realizada pelo Dr. Avelino Elias em 03 de Janeiro de 1962.
Socorro sua filha contou-me que quando estava embriagado, Jaime sumia de Pombal de trem, desabava para a cidade de Sousa-PB, onde ia ter com outra mundana por nome de Ivete, residente naquela cidade, e quando regressava aí o pau quebrava, mas depois faziam as pazes e nunca si apartaram muito tempo.
Era um bom pai, pois Antônio Queiroga relatou-me que presenciou uma cena de Jaime Monteiro e nunca esqueceu, ele estava para tocar na vaquejada, e havia comprado uma bicicleta Monareta para Socorro sua filha, e antes de colocar a menina para andar, teve todo o cuidado de enfeitá-la com algumas fitinhas. Socorro era muito fofinha, e seu pai a ensinava a andar antes da sua apresentação, no Parque de vaquejada.
Jaime Monteiro estava ensaiando junto com os congos para se apresentarem na rua (como diversão eles fazia tais promoções no coreto a noite ou mesmo pelas ruas da cidade, só para sair do marasmo), no certo mesmo era vê-los na Festa de Nossa Senhora do Rosário. Agora durante o seu ensaio ele enfartou e declinou sua cabeça sobre a sanfona, o instrumento que o acompanhou, e tanta alegria deu as pessoas desses arredores. O fato se deu na casa onde morava Cristovão Rocha, na Rua Herculano José de Sousa, Bairro dos Pereiros. Partiu muito novo ainda, e ao lado de Maria Anália sua segunda companheira, e seu segundo amor.
A Jaime Monteiro o meu muito obrigado, sua contribuição a esta cidade de Pombal foi muito proveitosa, sua fama e sua habilidade com o instrumento sonoro, a sanfona, alegrou a muitos, quer tenha sido no profano(cabarés e festas diversas), quer tenha sido no sacro ( na igreja e capelas, que a todos acolhe), deixando muitas recordações alegres aos que te ouviram tocar. Que o Deus da vida e misericórdia, te conceda a tua recompensa e também a tua paz.
                                                                                
                                                                 Texto Paulo Sérgio