segunda-feira, 15 de abril de 2013

Severino Bezerra Wanderly(Severino Sadio), 01 de janeiro de1931 a 07 de agosto de 1987


                     
 Severino Sadio, Filho de Sady Wanderley Bezerra e Quermine Bezerra Wanderley (irmã de Dr. Atêncio Bezerra), era natural do sítioVarzea da Jurema no município de Paulista, território de nossa Pombal. Ele era o filho do meio de uma família de cinco irmãos: Letâncio, Denise, Oriedy, e Odieny.
Estudou o primário na escola João da Mata, o colegial, cursou no Colegio diocesano, uma vez que o Colégio Josué Bezerra, dedicava-se apenas para a formação de mulheres, pois era cuidado pelas freiras carmelitas. O curso cientifico, bem como a faculdade de medicina, cursou no Recife, não sendo revelados os nomes das instituições de ensino.  
Dono de uma inteligência impar, não sentiu muitas dificuldades nos testes de admissão, já estava as portas para concluir o curso de medicina, mas faltando apenas (01) um período para o fim(o que corresponde a seis meses do nosso calendário), em virtude de perseguições a sua pessoa, dentro da faculdade, devido a sua fraqueza pelo álcool, acabou abandonando tudo! Soube através de Tetê de Fragoso, sua prima, que Dr. Atêncio havia pedido para o sobrinho concluir seu curso e assim futuramente o substituir quando não mais pudesse exercer a medicina; O que não foi atendido, no tocante ao diploma, isso porque Severino Sady medicava com  a propriedade de quem entende os males do corpo humano e apontava a sua cura, mais se apresentava como dom, que lembranças de catálogos de medicamentos que estudara na faculdade! Ele fazia o bem as pessoas, e os mais simples o presenteavam com um aperitivozinho, em troca dos favores prestados, pois não cobrava por seus serviços.
O popular Gorin da família Lacerda de nossa cidade, comentou: - ‘’Eu  tenho uma sobrinha, que era bem adoentada , quando criança. E certa vez eu fui visitar com papai a casa de minha irmã, mas quando eu cheguei lá a menina não piscava nem os olhos mais. Então papai disse, que ela não duraria muito! Nisso eu perguntei por que não a levaram para Severino, que morava do outro lado? Então a levaram! Quando chegou ele olhou para a menina, examinou, aí receitou leite de magnésia para ela, apenas. Bom, tomou umas três vezes, começou a expelir umas coisas, no outro dia já estava comendo de tudo! O que sei, é que hoje minha sobrinha esta formada e bonita, trabalhando como professora! Daí você veja a capacidade e a inteligência que ele tinha. ’’
  Na década de 70 a família de Severino perde o seu patriarca, Sady Wanderley, e após este fato, dona Quermine foi morar em Patos, de onde nunca mais voltou, pois anos mais tarde chegara a vez de dona Quermine vazar para o descanso eterno. Sem seus pais Severino Sady isolou-se da família, e aparentemente os irmãos o deixaram de lado, talvez para respeitar sua opção de vida, uma vez, que ele era adulto e dono de si, dos seus atos particulares! E acabaram por abandonar Severino Sady na vida que gostava de viver, por mais que esta o degradasse e o aprisionasse no incerto. Morava na Rua Nova(Rua Cel. João Carneiro entre a casa de João Cazé e do saudoso Joel Mascena), em seu lugar hoje existe um edifício de dois andares, muito próximo ao prédio da prefeitura e da antiga Telpa de nossa cidade. Severino tinha muitos conhecidos, muitos adolescentes, que o vinha visitar, senhores e senhoras de família que o procuravam para receitar seus filhos ou a si próprios, no mais era solitário.
Seu Erasmo, primo de Severino comentou: -‘’ Ah, eu lembro que ele era faixa preta em caratê, tomava uma faca sem muitas dificuldades de qualquer pessoa! Certa vez Zé de Caboclo, que era um cabra perverso, estava bebendo numa festa, onde eu e Antônio meu irmão estávamos tirando a cota, eu sei que este camarada encrencou com agente e com uma garrafa numa mão e na outra uma faca, partiu para  atacar Antônio. Rapaz quando ele avançou, Severino deu com o joelho e o rodou para cima, e antes dele cair no chão ele o dominou, aí eu o pus para fora, mas ele ainda tinha outra faca na cintura, então novamente , ao tentar adentrar para provocar briga, Severino o pegou e até que ele se rendesse, foram umas trinta quedas! Você veja quanto este camarada era perverso! Além do caratê, ele era goleiro, e um excelente atacante, jogava muito quando estava estudando no Recife-PE!’’ Seu Erasmo lembrou ainda: -“Eralbete minha filha, estava com uma mancha assim no braço e ardendo em febre, aí saí a cavalo do sítio para a rua, cheguei lá na casa de Severino, ele mandou que eu a colocasse sentada num tamborete alto. Sentei-a  então, e ele começou a examinar e disse assim: - É uma infecçãozinha, mas tem outra coisa aí, não posso dizer, é melhor você levar para Tio Atêncio(dizia assim, pois não podia diagnosticar, ou receitar medicamentos, pois os farmacêuticos começaram a ser precionados para despachar com receitas legalizadas, mas soube que apenas Epitácio Queiroga dispachava algumas delas)! Bom eu a levei para Dr. Atêncio, quando Atêncio olhou para a menina, examinou, examinou, aí disse: uma infecção, nada grave! Aí eu comentei, que Severino havia dito que tinha outra coisa a mais, aí ele chamou novamente, e Perguntou: -Ele disse,foi? Ah! Catapora! E por quê que ele não disse logo?!Eu voltei para casa depois deste fato e deu tudo certo, graças a Deus!”
Alberto seu primo de segundo grau disse: -‘’Ele era fera na medicina, agora ficava o tempo todo deitado numa rede lendo, e o litro de cachaça encostado. De vez em quando chegava alguma pessoa para ele atender, era quando levantava da rede. Pense como ele era atualizado! Olhe Dr. Atêncio dava revistas, livros, jornais e ele vivia lendo, o tempo todo! É por isso que muita gente comenta que ele colocava Atêncio no bolso, e olhe que era um dos melhores da região e reconhecido, no estado!”Alberto continuou seu relato dizendo: - “Dr. Atêncio recebia muita amostra grátis de remédio, e colocava Severino para separar os medicamentos. Ele também fazia isso lá no sítio para Dr. Queiroga, genro de Bianor Arruda. Olhe, eu tenho alergia a picada de formiga, e quando era pequeno, eu e um irmão meu ficávamos cheios de feridas da canela para baixo, a coisa mais feia de si ver! Um dia papai pediu para Severino arranjar um remédio que curasse o nosso problema, ele olhou os medicamentos e deu um para agente tomar uma bandinha de sete em sete dias. Durante três anos não saiu uma bolha, por picada de formiga, não! Como eu era pequeno não gravei o nome do comprimido,o que uma pena pois  ainda sou alérgico’’.
Soube através de Alberto, que Severino se tornou desafeto para seu Erasmo, quando um dia, inventou  de  atirar numa raposa, que estava num lajedo e acabou por acertar seu cavalo corredor, na cabeça! Ele disse assim: - “papai perguntou: - Oh, Severino, essa raposa estava era em cima da cabeça do cavalo?!”, dias depois o cavalo não resistiu ao balaço e morreu. Papai perdeu o cavalo, e ficou com a dúvida, porque ele não respondeu!” mas fizeram as pazes e tudo foi superado, claro!

Procurei Creuza Alves, filha de seu Beato, que foi vizinha de Severino, e ela disse que na época do prefeito Paulo Pereira foi sua secretária. Todos os dias seu vizinho vinha para a prefeitura, a fim de recolher os jornal do dia anterior bem como as revistas, pois gostava de se manter informado. Ela revelou também que Severino sady era um ótimo vizinho.
O saudoso Bibia Fernades comentou para Paulo Ney e eu: -“O filho de Dercy, Dercy, que era casado com a irmã de Dr. João Queiroga Villar, vulgo, Juca. O Valdeci, seu filho mais velho estava adoentado. Já havia batido por Recife, Natal, João Pessoa, navio dos americanos, que ficava ancorado no Recife, e nada foi descoberto. Nisso eu disse assim: - Aposto com você, que se esse menino for levado para Severino Sady  ele fica bom! - Fica nada! Vamos lá em Severino Sadio, que eu quero ver se ele não fica bom?! Com muita peleja ele topou! Lá chegando, ele mandou botar o menino assim em cima de uma mesa velha que tinha, aí pegou um palito de picolé, olhou a lingua do bichinho  e disse: - este menino não tem nada não, eu vou passar só isso aqui, leite de magnésia! Era um remédio Barato , mas muito eficaz. Com oito dias o menino estava correndo solto nos terreiros!” Seu Bibia ainda continuou dizendo: -“ Eu tinha feito uns óculos de grau e quando foi um dia topei com Severino Sadiy no meio da conversa ele pegou assim meus óculos, olhou para eles levou a frente e trouxe  para junto de si por duas vezes aí falou: - É 1,25 em um e 2,0 no outro! Aí eu confirmei, pois estava certo!”
Assisinho da farmácia que me pediu para fazer este apanhado sobre mais este pombalense ilustre, me contou que quando era moleque costumava jogar bola na Rua Padre Amâncio Leite da Silva, e coincidentemente nos fundos da casa de Severino -“Rapaz quando a bola caia no muro dele ele pegava e rasgava, nós tínhamos medo dele, porque ele era caladão e vivia sem camisa em casa, é tanto que quando a bola caía ninguém se atrevia pegar estando ele em casa”.
A Severino Sadio, o meu muito obrigado! Muitas vezes, nos parece que ser ou viver uma vida aprisionada, seja simplesmente fruto da vontade própria, como ser mendigo ou alcoólatra, por trás de tudo isso talvez exista um apelo por ajuda, e nosso silêncio ajuda o indivíduo a se afundar ainda mais na solidão e em sua única amiga, neste caso a cachaça, companheira de momentos tão particulares na vida do ser. Não será vergonhoso dizer que ouviu o clamor de um necessitado, mas sim, dizer que virou as costas para sua dor mais profunda e mais secreta! Que o Deus da vida o recompense e o fortaleça, perdoando os teus pecados e te concedendo a plena paz!

Texto, Paulo Sérgio< www.contandosaudade.blogspot.com>

sábado, 26 de janeiro de 2013

Felinto de Souza Filho( Seu Moreira), 26 de julho de 1901 a 10 de dezembro de 1996


  

                Na cidade de Pombal, precisamente no sítio Navios, hoje município de São Domingos de Pombal-PB, cuja propriedade na atualidade é de Dr.Valdemir Josias, nasceu Felinto, vulgo Moreira, tudo isso pelo simples fato do seu padrinho de batismo ter por sobrenome Moreira( me foi revelado por Dr. Assis), e assim sendo o terceiro filho do casal Felinto Martins de Sousa e dona Santina do Santíssimo Sacramento, recebeu tal alcunha (era muito forte a presença do padrinho na vida das crianças naquela época). Moreira tinha por irmãos: João Felinto, Antônio Felinto Joaquim Felinto, Fortunata de Jesus, Severino Felinto, Maria Felinto e Manoel Felinto.
O amigo Moreira, estudou até o 4º ano primário, o normal para muitos naquela época, mas apesar de seu pouco estudo foi comerciante em nossa Pombal desde muito jovem. Fazia suas compras em Recife-PE, sempre a cavalo, ia para Campina Grande, de onde pegavam um trem com destino a  capital  Pernambucana. Foi através de Moreira, que Geny Alencar descobriu que o termo “Pandeiros” (nome ou alcunha popular para uma família tradicional de nossa cidade), surgiu destas viagens para comprar mercadorias, pois no seu retorno fazendo as feiras nas outras cidades que de fato cruzavam ao regressar para Pombal, no lombo do seu animal, os irmãos Felinto entravam nas cidades tocado e animando as feiras para atrair a sua freguesia, empunhando um instrumento de percussão, “o Pandeiro”; daí sempre que eles iam chegando fazendo aquela animação, o povo já gritava : - Lá vem os pandeiros, vamos ver! Pois é pegou mesmo! Uma outra característica estava na curvatura do dedo mínimo das mãos nos membros desta família, uma vez que todo “Pandeiro”, possui a terceira falange do dedo mínimo, bem curvada, disse Mariinha Santana.
Para melhor ilustrar, Antônio Felinto de Souza  irmão de Moreira nasceu no ano de 1897, e quando adulto casou-se com dona Deolinda(dona Dulú na intimidade), em 1924, esta era a mãe de Raimilson Felinto. Após o casamento foi morar na antiga Antenor Navarro, ou São João do Rio do Peixe – PB. No ano de 1931, Moreira mandou chamar o irmão para vir tocar também seus negócios aqui em nossa cidade, o que de imediato foi atendido. Em conversa com a filha de Antônio, Geny Alencar e posteriormente Marlucy e Marlene, suas irmãs, soube que Moreira era extremamente carinhoso com os irmãos e a prova de tudo isto, era o costume de abrir a loja, retirar seu paletó e o chapéu, e em seguida   passava a patente para um funcionário de maneira que pudesse fazer companhia ao irmão, duas lojas a pós a sua na rua Juarez Távora, 15. Sua loja de tecidos, sombrinhas, perfumaria e modas, localizada na mesma rua sob o número 19, foi um espaço de harmonia e respeito mútuo. Nesta loja homens como Gelmerez Santana de Sousa(in memória), que é irmão de Mariinha Santana, José Gomes Sobrinho e muitos outros, tiveram a oportunidade de trabalhar e prosperar aprendendo com seu mentor, Moreira. Agora faço conhecedor que Antônio casou uma segunda vez com a senhora  Francisca Linhares, mãe das meninas). Já Manoel Felinto (este quando criança brincando no engenho de propriedade de Sr Felinto(que viveu de 1866 até 06 de maio de 1948, conforme registro de óbito fornecido pelo amigo e escritor Washington Onias), teve parte da mão decepada, levando esta lembrança durante a sua vida, mas obvio, que não o impediu de superar os seus obstáculos construindo o seu patrimônio na vizinha cidade de Aparecida-PB.
Seu Moreira casou-se ao que tudo indica no segundo semestre do ano de 1924, pois o dia especifico no livro B-18, pag.49v, nº 107, do cartório de registro de pessoas Naturais do nosso amigo Marcos Tavares Formiga de Pombal-PB, apenas revela, que ele aos 23 anos com a jovem, Auta Sant’ana de Sousa com  22 anos (ela era filha do casal João e dona Maria Santana), esta lhe deu Maria do Socorro Moreira de Souza, que achou por bem homenagear por ocasião do nascimento da menina em 13 de janeiro de 1927, ao apelido do seu esposo ( Socorro anos mais tarde casou-se com Elry Medeiros, que foi um dos prefeitos de Pombal-PB, e em cuja administração instalou a eletricidade na nossa modesta cidade. Soube ainda que todos os filhos de Socorro herdaram o Moreira, que em nada tinha a ver com o nome real da família do Pai). Dona Auta Sant’Ana, no dia 06 de agosto de 1932, com 29 anos vitimada por um resguardo mal curado, partiu. Moreira então casou-se meses depois com sua cunhada e irmã caçula Anália Sant’Ana em 19 de janeiro de 1933 (data esta fornecida por sua sobrinha Mariinha, que hoje reside na cidade de Patos-PB). 
Em conversa com Mariinha, em sua residência, foi-me revelado que sua mãe sempre lembrava que Anália só casou nesta data porque ela havia nascido com saúde e não corria nenhum risco de morte, no dia anterior. Com Anália, Moreira educou os filhos: Herotides, João Santana e Assis Santana. Herotides era professora e lecionava varias disciplinas, dentre elas o francês no antigo Colégio Diocesano de Pombal, e relatos dos populares nas ruas lembram não só de sua beleza, mas também um compromisso firmado com o Cônego Gualberto, in memória, que na data auxiliava o Mons Oriel  na Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Mas como ele optou por permanecer em sua vida religiosa,foi transferido para a cidade de Cajazeiras-PB, e ela nunca casou. Zé Cleôncio filho de Afonso Mouta lembrou que em uma de suas aulas de Frances, a professora, que tinha fama de brava, chamou Antonio Queiroga(o magro gaiato da turma), e o mandou traduzir a seguinte frase: “Le Lion kirua Desanimo”, ele prontamente executou sua tradução dizendo: -“ Professora, O leão quis voar, desanimou!”, nisso ela o expulsou da classe imediatamente!  Assis Santana (formou-se em medicina e é médico ainda na ativa na cidade de Campina Grande), quanto a João Santana(in memória),  seu nome segundo Mariinha Santana, já estava escolhido, se chamaria Heronides, mas por nascer em dia de são João Batista, primo de Jesus, sua mãe muito religiosa que era, quis homenagear o santo profeta. O detalhe é que muitos começaram a chamá-lo de Heronides, e só deixaram quando foi necessário ao rapaz começar a trabalhar.
Dona Dorinha, uma sobrinha criada por Moreira e Anália, comentou: -“Moreira era um homem muito reto nos seus negócios, tinha palavra única e irrevogável, apontando sempre os melhores negócios aos membros de sua família, e por força disto era sempre ouvido pelos seus, e era querido pelos netos”.
Beca Bandeira, lembrou: -“O velho Moreira tinha um cachorrinho de estimação por nome Bacé, ele ficava no jardim e costumava estrumar o seu cachorro nos meninos. O bichinho só era pequeno, porém muito valente!” Um dia Beca subia pela calçada com seu irmão,na Rua Nova quando seu Moreira soltou Bacé e o irmão de Beca pegou a camisa e deu uma lapada no cachorro, nisso Moreira gritou com voz arrastada: -“ Não faça isso com Bacezinho não!
No mês de maio de 1960, vendeu a loja para José Gomes Sobrinho esposo de Mimosa (carinhosamente conhecida). E foi entre os anos de 1967 e 1968, que  Moreira mudou-se  com sua família, isso após Herotides comprar uma casa na Rua João Machado, na cidade de João Pessoa-PB, quando foi transferida para lecionar na capital do estado.*
                                                               * Carta de recomendação para Gelmerez, escrita pelo próprio Moreira.
José Gomes Sobrinho relembrou contente: - “Moreira me disse assim: -No fim do ano eu tenho uma proposta para você, topa ou não? Eu saltei e disse: -Topo! É prá Você me comprar a loja toda! Não poderia deixar outro tomar chegada para saber o que era. Além do mais, negócio com Moreira é sempre bom”! Agora depois eu comecei a pensar, nisso eu procurei ele, aí eu fui dizendo: - Dá certo não, eu compro a loja só se for agora, porque no fim do ano o senhor terá vendido tudo de melhor e vai ficar só o resto para mim. Dá certo assim? Nisso ele respondeu: -  Vá lá em casa na sexta-feira!” Nós morávamos por trás da casa de Moreira, que era na rua nova de fronte ao busto de Getúlio Vargas. Quando eu cheguei ele já estava no jardim, mandou eu entrar e me colocou na cabeça da mesa muito farta por sinal, me sentei! Começamos a comer aí eu disse: -“ Dá certo assim?” Indagou Moreira: - Dá certo como? Aí eu complementei minha proposta dizendo: - Dá certo seu Moreira desta maneira, eu compro a loja toda agora na confiança, pois eu não tenho dinheiro todo para o senhor. Dou o que tenho e assumo as parcelas, caso eu atrase, alguma, pago 2% de juro! Nisso ele disse: -Então está certo, quando for domingo você traga os seus funcionários e junto com os meus aí damos o balanço no estoque todo! Bom, nós começamos no domingo e terminamos na quinta-feira. Neste dia eu estava indo para casa, me chega Afonso Josias e comentou:-“ O povo está dizendo que Moreira te lascou! –Foi?! Agora é tarde! Por que não veio mais cedo?  Rapaz eu cheguei em casa triste, botei a chorar, a mulher fez um chá para mim, eu tomei, bateu um medo, mas apesar de tudo consegui dormi. Na sexta-feira muito cedo eu vim para a loja, que era na esquina, coloquei uma pessoa para avisar sobre a mudança da loja e a outra ainda pipada de tecido, eu comecei a trabalhar e foi ligeiro para cumprir com meus compromissos, paguei tudo, graças a Deus!. Por trás deste prédio era armazém de seu Nô Lopes( in memória, rescente), tempos depois eu comprei para aumentar o meu primeiro prédio. Pra quem  começou com uma banca rodeada de mercadoria na feira cheguei a custa de muito trabalho, e graças a Deus e ao apoio de Moreira, meu patrão!
O sogro de Moreira o senhor João, tinha por costume matar uma criação por semana, não tinha para vender, era para o consumo próprio, pois segundo Zé Gomes ele engordava os animais e ao chegar em média 30  ou 40Kg fazia o trato para a família consumir. Pois bem após o abate ele espichava o couro a capricho, que nada mais é que salgar toda a pele do animal e estender esta couraça sobre as pontas das varas que mantinham o couro estiradinho, seco e fino  aponto de facilitar o enrolar da matéria-prima para diversos serviços como: sandálias, assento de tamboretes, cadeiras Luiz XV etc. Isto também fez parte dos negocias de seu Zé Gomes!
Moreira partiu após um ataque cardíaco no seu leito, na cidade de João Pessoa-PB. Foi encontrado caído junto da cama pela esposa e companheira de toda uma vida.
Ao amigo Moreira o nosso muito obrigado, deixaste uma marca impressa na história deste solo pombalense, contribuindo para o progresso deste povo a partir de seus exemplos de honestidade e amizade, respeito e tradição familiar passado para os seus. Que o Deus da vida o conceda a recompensa e também a sua paz.
Texto Paulo Sérgio, <www.contandosaudade.com.br>