Dalva Carneiro nasceu em Pombal-PB no seio do casal João Vieira Carneiro (Joca Carneiro), e dona Maria Carvalho Carneiro (dona Sinhá), tinha por irmãos Jaime Carneiro, Mirthiz, Janduhy, Ruy estes dois ultimos, foram grandes forças políticas nesta nossa pequena terra natal, graças ao apoio incondicional do padre Valeriano Pereira de Souza, tio segundo dos jovens e pároco da grande paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso; Chegando o primeiro, além de administrar como prefeito a cidade de Pombal, nomeado em 1930, por José Américo, promoveu grandes construções em tempos de seca, e em 1946, eleito pela vontade do povo foi eleito deputado federal, extrapolando as perspectivas esperadas nas urnas; já o segundo, foi interventor federal do estado da Parahyba em 1940, e posteriormente em 1952, eleito senador da republica do Brasil, posto de grande destaque para um cidadão, principalmente saído de uma pequena cidade. Ambos honraram os votos trabalhando por todo o estado, e por Pombal (Só não houve força, nem tão pouco influencia política para instalar em Pombal – PB, o campus do curso de Direito, da Universidade Federal da Paraíba-UFPB, hoje UFCG- que foi destinada para Sousa), mas foram dedicados a nossa terra, e a igreja local.
Dalva Carneiro, estudou suas primeiras letras com Cândida Correia (Madrinha Candinha, para os íntimos), ela lecionava em sua própria casa, alem de dar aulas de corte e costura, pois possuía várias máquinas, e ainda letrava e ensinava as moças a arte do bordado entres outras coisas.
Quando atingiu a fase adulta, Dalva conheceu Chateaubriand de Souza Arnaud (era odontólogo e sobrinho legítimo do padre vigário), ao que consta um grande galanteador, um romântico a moda antiga, e não perdeu sua fama. Então casaram-se na igreja matriz de nossa cidade no dia 11 de dezembro de 1929 (data gravada na aliança do nubente, dada de presente ao filho Rafael Carneiro). Dalva Carneiro passou a lidar na sua casa como doméstica, além de auxiliar o marido no seu consultório localizado em casa mesmo, na Rua Nova, vizinho a Dinalda de Zé Arruda. Desta bonita união nasceram os filhos: João Bosco em 1930 (in memória), Zélia Carneiro em 17 de setembro de 1931, Antônio em 1932 (in memória), Antônio Carneiro em 07 de dezembro de 1933, Rafael Carneiro em 25 de abril de 1937 e Gilca 25 de maio de 1938(esposa do Dr. Azuil), e a caçula, Gizeuda em 13 de março de 1940 (esposa do Dr. Dirceu).
Dalva possuía um coração nobre, elogiada por todos que recordam o passado de dificuldades da velha terrinha. Sua bondade rendeu a ela a alcunha de ‘’ MÃE DA POBREZA’’, pois fazia um bom uso das verbas que recebia do governo, e de suas próprias economias, distribuindo aos mais necessitados, sem distinção. Ela não sabia dizer não aos pobres que batiam em sua porta, e de fato fez o bem e praticou a caridade. Zélia Carneiro (viúva do nosso maior pesquisador e célebre escritor Wilson Seixas) disse: - ‘’Um dia, eu deixei um vestido meu de cambraia bordada no meu guarda-roupa, na casa de papai, pois eu já estava casada, e saí para fazer a feira. Quando voltei procurei o meu vestido, revirando tudo, e não encontrei nada! Eu então perguntei a mamãe: - Ô mamãe, a senhora viu o meu? É um de cambraia bordada, não é novo, mas eu trouxe para vestir aqui? Ela simplesmente respondeu: - Nem vi! Nisso, quando eu vou para a sala, vejo uma mulher com o meu vestido, esperando mamãe para ter com ela! Aí eu chamei mamãe e disse: - Ô mamãe, aquele é meu vestido! Ele disse assim: - Ah! E era aquele vestido que você estava procurando?! Eu dei! Eu dei para ela pobrezinha, chegou aqui toda rasgada, estava mais precisada que você! Eu fui no seu guarda-roupa, vi esse, aí eu tirei e dei!’’ Zélia completou: -‘’Olhe ela era assim! Então eu passei a trancar meu quarto, porque se não iria me deixar sem roupa.’’
Para Dalva Carneiro, podia chegar quem chegasse, e a hora que chegasse, pedindo, ela batia dentro de casa, e o que pegasse dava. Gostava de ajudar aos pobres; Café da manhã, almoço e jantar. Também quando ouvia falar que tinha alguém para dar a luz, ela mandava o enxoval e garantia a alimentação da mãe e do bebê. Zélia comentou que chegou a mandar vender boi gordo na fazenda para fazer de um tudo pelo povo pobre, pois segundo ela: tinha muita pena de os ver sofrer! Às vezes chegava uma pessoa e dizia que não tinha nada em casa, para botar no fogo, e tanto ela quanto as crianças, não haviam comido nada ainda(eram tempos de lamentações, a fome era de fato implacável), em face esta declaração Zélia revelou: -‘’ Aí minha mãe dava um trocadinho, para comprar um leite, um quilo de arroz, tirando do dinheiro que papai dava para a feira do mês. E ainda tem este detalhe, papai, chegava e entregava o dinheiro do mês para fazer as compras, ela dava todo, e quando era o dia de fazer a feira, eu ia pedir, ela procurava não tinha, mais, então dizia: - Vá ali em Ildo Arnaud , e peça tanto emprestado para comprar a feira!’’
Ingressou Dalva na política candidatando-se para prefeita, esta atitude foi mais para auxiliar o Dr. Avelino Elias, pois fazia parte da mesma legenda, e como existia mais de um candidato na mesma legenda, eram somados os votos dos outros mais fracos com o mais votado, os votos do vice, e do prefeito, eram contados separadamente. Dalva (A mãe da pobreza), não ganhou nas urnas, mas sempre foi uma liderança no Campo político, liderança feminina, é bom frisar.
Um fato cômico lembrado por Zélia Carneiro foi descrito nos seguintes termos: -‘’Um dia chegou um homem no consultório de papai, e pediu um particular com mamãe. Como mamãe trabalhava com papai e não tinha segredos, apresentou-me e papai, autorizando a revelar o teor da conversa, mas este se recusou, só queria em particular! Então foram para o quarto ao lado e ficaram cerca de quinze minutos conversando. Ao sair, o homem grita bem alto: - Posso confiar? A senhora me dá mesmo dona Dalva? E mamãe disse: - Dou! Já disse que dava, eu dou! Venha aqui na segunda-feira, que eu dou! Ele então vai embora. Ao sair o homem papai olhou para Rafael (este estava presente e disse não lembrar mais de tal episódio), ele vinha entrando na sala e ao perguntar se estava tudo bem, papai exclamou: - Bem, não está não meu filho! Você, não viu o homem sair agora daqui de dentro perguntando a sua mãe se ela dava, e ela disse que dava na minha frente? Olhe você cuide de ir depressa até o juiz para retirar a candidatura de sua mãe logo, que eu não tenho vocação para côrno não! Esta declaração motivou risos na sala.’’
Minha avó Zefinha de Zé Grota, lembra com muita gratidão de Dalva Carneiro, pois nunca negou ajuda quando passou por dificuldades, alem disso eram comadres, e sempre que via minha avó pedia que concedesse a guarda da minha mãe ( que era sua afilhada), por muito pouco não criou minha mãe, pois como relatei, as dificuldades para o pobre eram extremas num passado não muito distante.
A Dalva Carneiro, que na boca do povo foi a ‘’Mãe da Pobreza’’, o muito obrigado de todos desta nova geração, pois foram auxiliadas indiretamente, graças a esta grande ajuda do passado! Obrigado pelo gesto de partilha e caridade praticada para com os mais carentes, que pelo menos uma vez, e indistintamente, tiveram direito ao pão, ou ao leite de cada dia. Que o Deus da vida, Justo Juiz, te conceda a tua recompensa e também a paz.
Texto, Paulo Sérgio
GOSTEI DA NARRAÇAO BEM FEITO ESTA DE PARABENS
ResponderExcluirMuito bom...claro que faltaram muitas coisas pra falar, (e isso é bastante normal)Eu na decada de setenta,morava ainda no sitio (capoeiras) e me lembro. quando era dia de votaçao, os eleitores mais necessitados,que vinham dos sitios, ganhavam o almoço,era tradiçao. abatiam boi, ou bois,. e as pessoas mais fracasde posses, iam na verdade, para votar, mais sempre pensando no almoço fornecido por dona Dalva..
ResponderExcluirLembro tambem que minha vó (Dona Mainha)Maria Trigueiro,familia Trigueiro sim:minha vo sempre votava em candidatos ligados à Dona Dalva.
Ah, sim Paulo Sergio, à propósito..pesquise uma figura pombalense, das antigas muito conhecido como Ciço Bem Bem,
abraço
aguardo
Edmilson Garcia
Dona Dalva Carneiro,em Pombal
ResponderExcluirTeve grande importancia com certeza
Ajudou muito aos nessessitados
Praticou muitos atos de Nobreza
É por isso que ela era chamada
Merecidamente, mae da pobreza
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Vestiu quem nao tinha roupa
Soube à todos respeitar
Alimentou os famintos
Quando iam lhe procurar
Acredito que essa estrela
Hoje está em bom lugar.
Edmilson Garcia