terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Leônidas Henriques Formiga (Leó Fotografo), 02 de janeiro de 1907 a 07 de março de 1985

       Filho natural desta cidade, Leó, nasceu no seio da família de Juventino Henriques Virgulino e Homerina Nobre Formiga( que passou a se chamar Homerina Henriques Formiga), que tinham cinco filhos ao todo: Teodomiro, Francisco, Leônidas, José(Nem da drogaria Formiga), e Juventino. Foi levado a pia batismal aos 26 de maio de 1907, e teve por padrinhos: Gervásio de Sousa Barboza e Carolina Nobre Formiga. Em 29 de junho de 1920, a tuberculose vitimou sua mãe, que desde 21 de março de 1916 era viúva, e ficaram órfãos, tendo de ir morar com famílias diferentes, Leó permaneceu aqui em Pombal na casa de sua tia Corina Formiga (avó de Manoel Pedro), um foi para Caicó, outro para o sítio Cantinho do Boi, e assim por diante.
Em 1924, Leó começa a acompanhar o senhor Josué, que era um velho fotografo da cidade de Campina Grande, que trabalhava na região, atendendo em boa parte do estado, além de algumas cidades do Pernambuco e Rio Grande do Norte. E todos estes acontecimentos motivaram a paixão pelo registro dos momentos diversos (sentimentalmente falando), dos seus conterrâneos, guardando suas memórias numa fotografia, tudo isso quando ainda aprendiz, e em decorrência disto, posteriormente tornou-se um grande profissional.
No ano de 1932, por razão da linha férrea, que estava chegando, começou a trabalhar na construção da mesma, até que sofreu um acidente, que o deixou com uma pequena seqüela em um dos membros inferiores, segundo Leia, uma de suas filhas.  Lembrou Leia ainda: - ‘’ Leó, todo dia às 7hs00min saía direto para a bodega de seu Juca Arruda e Odete, eram muito amigos. Ele só comprava lá, sua feira era certa, e nesta época só existiam bodegas, em Pombal – PB. E antes ele comprava em Maria Noca. Quando era por volta das 9hs30Min ele regressava para casa, era a hora de fotografar,  pois só trabalhava em casa na maioria das vezes.’’
Casou pela primeira vez com Ana Gouveia Muniz (Nêga), que passou a se chamar (Gouveia Formiga), era a irmã de Adamastor, no dia 29 de setembro de 1933, formando com ela uma prole de seis filhos: Gilvan Henrique (in memória, era alfaiate, e por ser muito bom, era requisitado principalmente por Herminio Neto, filho de Paulo Pereira, que vivia nos estados Unidos, e estava cotado para ser o futuro prefeito de Pombal, mas foi vitimado por um acidente automobilístico), Léia, Eliane, Lindenberg (Bebé, in memória, vitima do Crup, que atacava a garganta das crianças, e as ceifavam), Carlos Henriques (in memória, este foi o sucessor de Leó), e o ultimo filho do casal, partiu junto com a mãe.
Leia disse: -‘’ Nós morávamos na casa da esquina, onde hoje é Geraldinho da sorveteria, minha avó morava aonde é a tok disco, mamãe passava agente por cima da parede do muro. Ela chavama minha avó e quando ia entregar Eliane,sempre dizia (já grávida deste ultimo bebê), ela dizia: - Tome, a senhora é quem vai criar, pois deste eu não escapo!  E minha avó a reprendia dizendo: - Minha filha deixe de ser tola!  No dia 20 de maio de 1949, no seu quarto, mamãe não resistiu ao parto, teve eclampse. O Dr. Jandhuy, era o médico da cidade, mas vivia viajando na sua veroneio particular como ele fazia cursos, era uma semana aqui, outra fora, aconteceu de nesse dia só estar, a parteira  Maloura e Maricô ( soube até que ofertaram a aliança de Ana a Maricô, e não aceitou, pois disse, que não queria casar),  auxiliando no parto, nada puderam fazer.’’
Um ano após enviuvar de Ana, casou-se com  Eunice de Alcântara Gouveia ( Ela era prima légitima de Ana, ela veio para a cidade para auxiliar a tia, na lida de casa e nas costuras, quando iniciou o compromisso com Leó),  e no dia 14 de julho de 1950, casaram-se civilmente, e tiveram os filhos: Leônidas, Leoberto, Berta Leônia (esposa de Verneck), e Leomarcos.
Leó, o fotografo, gostava de ler gibi, revistas, e inclusive Eliane sua filha, comentou que toda semana ele comprava uma revista em Campina Grande, quando ia comprar material fotográfico, e que era de costume ele ler a revista, assim que chegava. Leó lia até adormecer. Como os filhos, já sabiam o que estava para acontecer esperavam ansiosos, e de repente Leó adormecia, e a revista nova caia no chão. Eliane disse: -`` Na hora que a revistinha caia no chão, a gente corria para fazer a farra, agora, cada qual que brigasse para ver a novidade! Depois de muito tempo, Leônidas, que era o mais gaiato de todos, olhava para Leó, quando ele estava despertando, e perguntava: - Quer saber o final da revista, papai?! Às vezes, revelava o conteúdo, e ele ficava danado de raiva! É por isso que não deixava ninguém olhar antes que terminasse’’
Além da leitura habitual, Leó tinha o costume de se dirigir ao Cine Lux de nossa cidade, para assistir aos filmes em cartaz (acredito que era ele e o Pe. Andrade, os únicos que não perderam nenhuma das exibições do velho e saudoso cinema), ele era tão assíduo, que Afonso Mouta(in memória), ofereceu um permanente(não pagaria mais). Leia comentou: -‘’Quando seu Afonso estava para viajar, já anunciava para papai, que estaria trazendo determinado filme, e passavam um tempão falando sobre o filme. Eu sei que ele ia assistir as reprises, duas, três vezes, mais ia todo santo dia para Cine Lux. Sim, ele tinha o costume também de ficar na janela observando o movimento da rua (enquanto não chegavam os clientes), como a janela ficava do lado do corredor que leva ao velho cinema, foi não foi, passava alguma pessoa e parava para conversarem. Conversavam tanto, que se entretiam e a visita não adentrava na sua casa, esqueciam deste pequeno detalhe, permaneciam um na rua e outro dentro de casa. E por isso ele tinha os cotovelos bem grossos, de tanto se apoiar no batente da janela, olhando a rua, e o seu movimento!’’ 
Leó era sempre solicitado para fotografar as construções, inaugurações dos projetos arquitetônicos do nosso município, registros de funerais ( ficava meio contrariado, pois muitas vezes os familiares traziam os caixões e colocavam na sua calçada, e ele ainda tinha de colocar um tijolo para dar um ângulo melhor. Além destes, também os presos que eram mortos e vinham despedaçados, era ele quem fazia o registro, na cadeia, ou no local do crime), fazia cobertura de aniversários, e gostava de prestar serviços a Nadir de Paulo Pereira, além de dona Cacilda, esposa de  Dr. Atêncio, pois sempre pagavam no ato do recebimento!
Como todo prestador de serviço de cidade do interior, sempre colocava no prego(na nota), alguns dos seus serviços, e quando passadas as datas, enviava Léia, para fazer a visita aos clientes, garantindo a jovem: -‘’ Se você receber minha filha, eu te dou um parte!’’ Como era ainda adolescente corria para executar seu trabalho, e abandonou depois de ficar mulher formada.
O penúltimo trabalho de Leó foi a cobertura do funeral de seu Totô, pai de Ivan Olímpio; já o ultimo foi a cobertura do funeral do Dr. Avelino Elias (o médico dos pobres), em 22 de fevereiro de 1973, pois ao subir em um túmulo foi derrubado pela multidão, caiu e se machucou, ele sentiu a perna, daí decidiu parar de dar tal cobertura,  ficando em casa, apenas com as fotos 3x4 . Soube também que foi levado por diversas vezes pelo Dr. Lourival Cavalcanti (in memória), este foi um dos mais conceituados advogados de nossa cidade, e da região também. Ele era o pai de Dr. Carrinho de Paulista-PB, e de Curinha, genro de Leó. Muitas vezes por ocasião de algum crime hediondo, ou crimes, que já haviam sido encontrados suspeitos, e designado era para fazer a defesa, então ele utilizava das fotos de Leó,  apresentando nos júris desta comarca, ou aonde fosse apresentar a defesa.
Eliane comentou: - ‘’ Muitas vezes, quando ele ia passando, na frente da cadeia velha, os presos gritavam, pedindo para ele os fotografar. Alguns pagavam depois, outros pediam como doação. E em alguns momentos, eles gritavam da cadeia assim: - Seu Leó traga um pouco d’água para nós! Então papai, mandava pegar água, mas só deixava os meninos irem, pois segundo ele, lá podia haver muito cabra enxerido!’’
Quando Leó adoeceu, veio da cidade de Catolé do Rocha-PB, seu Lavoisier, que hoje possui uma vidraçaria aqui em pombal. Ele assumiu o cargo de fotografo na cidade, mas não o cargo oficial, claro, pois esse cargo foi devido a Carlos Henriques, o filho do antigo fotografo, e o exerceu até o sua ultimo dia sobre esta terra. Havia muita amizade entre Leó e Lavor, pois quando um precisava de material, sempre sabia onde procurar.
A Leó o nosso muito obrigado, o dia do fotografo (08 de janeiro), passa honrosamente dado os trabalhos de registros que fizera em nossa cidade. Pombal antiga está gravada nas mentes de todos aqueles que vivenciaram o seu passado de glórias e derrotas, dado as dificuldades e diversas circunstâncias do seu tempo, e nós  da nova geração, só sabemos quem foi, esta centenária cidade (A mãe pobre de todas as grandes), graças ao seu grande acervo, ainda conservado pelos seus filhos. Que Deus, o senhor da vida te conceda a recompensa e também a sua paz.

Texto, Paulo Sérgio

5 comentários:

  1. Quero aqui registrar que em Pombal existiram também outros fotógrafos nessa mesma época de Leó, Pedrinho Fotógrafo, meu pai, lembro que algumas vezes eu ainda menino ia pegar material na casa de Leó para meu pai, a casa dele ficava na esquina perto do Ideal clube, e ele era muito amigo de papai. Tinha também Edmilson da rua estreita.

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  2. Parabens pelo brilhante trabalho me sinto ate emocionado porque faço parte desta proficisao que ate os nossos dias tem sido um meio de divuigaçao na impressa.

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  3. Parabens pelo brilhante trabalho me sinto ate emocionado porque faço parte desta proficisao que ate os nossos dias tem sido um meio de divuigaçao na impressa.

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  4. Grato pelo excelente registro.
    Gostaria apenas de ressaltar o imenso amor de meu Pai pela cidade de Pombal, por seus amigos, pelas pessoas, por todo a emocionalidade que tanto fez para ele ali ficar quase todos os dias de sua vida. Tudo isso que nos torna visceralmente ligados a essa Cidade que tanto nos deu e tem dado.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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