Natural da cidade de Pombal, Jaime era filho de Sebastião Monteiro da Silva e dona Geracina Monteiro (Cindra), segundo Marcos Tavares, o Marquês do cartório de registros civis, seu Sebastião era padeiro nesta cidade. Por irmãos, Jaime tinha Monteiro (in memória, vitima do álcool), Idelvita e Graça (também in memória), além de Mariquinha, que vive para os lados de Campina Grande-PB.
Estudou o primário, pelas casas dos vizinhos e amigos que alfabetizavam os meninos antigamente, sendo dono de uma bela caligrafia, e utilizava dela para expressar uma de suas artes, o grafite, que por profissão, abria letreiros na antiga Lojas Paulista, e posteriormente Casas Pernambucanas (cujo o capital era do exterior), administrada por ultimo pelo gerente Ari Aleijado. Além dos letreiros, desenhava a promoção do dia apontando as mercadorias, que estavam no expositivo, sempre envoltas de um morim estampado. Abria ainda os letreiros nas campanhas eleitorais e era bastante requisitado para pintar nas redondezas, como Paulista e Malta, que na data eram reduto político de Pombal, além de muitas outras da região.
Em 1956 dotado de muita inteligência e esforçado, descobria Jaime Monteiro a partir dos ensinamentos de Zequinha, um morador da vizinha cidade de Sousa-PB (este era pai de Ceição, uma mulher da vida que fez história por Pombal), que dando a ele os seus primeiros acordes, abriu uma janela para transformá-lo em um dos maiores sanfoneiros destes arredores, com uma sanfona de 120 baixos nas mãos. Existem pessoas que possuem um dom e o deixam oculto por não saberem aproveitar aquilo que receberam, mas Jaime soube aproveitar. Seu dom era fabulosamente belo, e bem apresentado, uma vez que o fazia para as diversas pessoas, ou em outras palavras para aquela parcela masculina da nata pombalense, que frequentavam os bordéis.
Jaime tocava com perfeição sua sanfona, que tinha estampado o seu nome: Jaime Monteiro. No ano de 1958 aproximadamente, ele já tocava nos cabarés desta cidade, e por ser noivo de Creusa Ferreira, filha do velho Love (Virgílio, que era um antigo proprietário de uma casa de diversão masculina ,O Brega, como ela intitula a casa. Também dono de um salão de jogos tudo isso nas horas de folga, pois era agricultor durante o dia). Contou-me Genival Severo, que o velho proprietário abria uma janelinha, a única ligação com o salão de festas, e depois quando o salão estava cheio, lá vinha ele cobrar a cota para tirar suas custas do contrato já pago com antecedência ao sanfoneiro. Assim, começava a ganhar fama, pelas festas que tocava para o sogro. Com ele, seguia o mine fã clube do Jaime Monteiro, alguns aprendizes e dentre eles o seu mais brilhante aluno, o famoso Geraldo Bernardino que o acompanhava para onde quer que fosse, pois segundo o próprio Geraldo, ele dava espaço para os que desejavam tocar, e dessa maneira despertava o gosto pelo seu instrumento musical, a Sanfona.
Genival Severo que é uma figura bem conhecida nesta cidade, teve um particular com o maior sanfoneiro dos tempos atuais nesta região, Geraldo Bernardino, e ouviu da boca do músico: -`` Havia um grande e habilidoso tocador chamado Jaime Monteiro ``, e completando falou: -`` Como tocava nos bordeis, foi deixado de lado e sua fama encoberta pela sociedade, pois ninguém queria ter em sua festa particular um homem exclusivo da zona de baixa meretriz, uma pena! Perdeu Pombal - PB, um grande e talentoso artista e perdeu de fazê-lo conhecido na integra e apresentá-lo aos Estados vizinhos e nos centros desta cidade!`` No centro eu concordo, pois as senhoras e alguns homens não si davam a este luxo. Agora os freqüentadores das casas de diversão, boa parte era do centro e dos arredores, e obvio que o eram de carteirinha. Eles sabiam da sua relação com este belíssimo instrumento musical, mas a modéstia e a velha moral os impedia de o revelar!
Geraldo Bernardino em outra oportunidade disse em entrevista na sua residência: -`` Rapaz, Jaime foi o ídolo da música de minha adolescência, eu tinha uns 14 anos e via-o tocar nos cabarés de Pombal - PB, achava tudo bonito, daí me aproximei pela sanfona! Quando fiz o pedido ele começou a tocar para eu ir aprendendo. Olhe era ele, um do Sítio Catolezinho chamado Genival e também Dedé de Carintoso, esses camaradas depois abandonaram tudinho. Depois disso ele me levava para tocar em Catolé com ele, agora lá eles respeitavam a gente, sabia onde agente tocava, e agente tocava no ambientes e tudo mais. Anos depois eu comecei a fazer festas sozinho e andei por Catolé – PB novamente, e era requisitado por todo mundo inclusive mulheres casadas que estavam com seus maridos nas festas comuns, chegavam e pediam música também, sem nenhuma dificuldade, agora aqui era tudo mais diferente!``
Em 19 de novembro de 1958, o Padre Andrade, na Matriz de Pombal - PB assistia os votos de amor e fidelidade entre Jaime Monteiro e Creusa Ferreira (ela morava no orfanato de responsabilidade de Antonieta Pereira, e saiu para poder casar), teve três filhos, um casal de gêmeos, que nasceu sem vida e o ultimo chamado Jaime, mas não sobreviveu também. Nesse período, Creusa, disse ter passado por uma depressão pós-parto, e não chegou a conhecer o seu filho, pois fora retirada para a Capital do Estado, até ficar recuperada.
Em 1961, boatos deram conta de uma suposta traição mútua do casal, e sobre o marido pesava ter tido um chamego com Maria Anália (Mulher da vida e a mais valente que já apareceu nessa região, pois desafiava homem e mulher era muito destemida), que na época trabalhava com o velho Love. Acontece que devido aos boatos destas supostas traições, Creusa e Jaime se apartaram e nunca mais reataram a união, ela não quis mais saber de casamento, e teve ela ao longo de sua vitalidade feminina 22 filhos para ser mais preciso, frutos de romances pouco duradouros ou apenas uniões casuais, como expressou.
Depois de apartado, Jaime Monteiro por desgosto em decorrência dos acontecimentos vividos, passou a beber mais ainda, jogando a sua vida diretamente para os cabarés. Então decidiu fazer vida com a mundana Maria Anália, e com ela teve 05 filhos, restando apenas Socorro, que ao que tudo consta, havia tirado os traços da formosura da sua mãe Maria.
Os amigos lembram que Jaime tinha os peitos todo cortado por gilete , pois Segundo José Deodato(o Magro do Jogo), as meretrizes, sempre andavam com este pequeno instrumento de corte, debaixo da língua, para defesa pessoal, ou para o caso de algum esperto não quisesse pagar pelos serviços prestados. Os doze primeiros cortes, todos superficiais, mas o golpe deferido pela própria Anália, o 13a corte, foi mais complicado, e após o acontecido Maria Anália buscou refúgio na casa de Chico Pereira, temendo ser presa, pois gozava de boa amizade com a família, no entanto, ninguém apresentou queixa. Obtive registros de uma passagem de Jaime, músico no Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro por apendicite aguda, cirurgia realizada pelo Dr. Avelino Elias em 03 de Janeiro de 1962.
Socorro sua filha contou-me que quando estava embriagado, Jaime sumia de Pombal de trem, desabava para a cidade de Sousa-PB, onde ia ter com outra mundana por nome de Ivete, residente naquela cidade, e quando regressava aí o pau quebrava, mas depois faziam as pazes e nunca si apartaram muito tempo.
Era um bom pai, pois Antônio Queiroga relatou-me que presenciou uma cena de Jaime Monteiro e nunca esqueceu, ele estava para tocar na vaquejada, e havia comprado uma bicicleta Monareta para Socorro sua filha, e antes de colocar a menina para andar, teve todo o cuidado de enfeitá-la com algumas fitinhas. Socorro era muito fofinha, e seu pai a ensinava a andar antes da sua apresentação, no Parque de vaquejada.
Jaime Monteiro estava ensaiando junto com os congos para se apresentarem na rua (como diversão eles fazia tais promoções no coreto a noite ou mesmo pelas ruas da cidade, só para sair do marasmo), no certo mesmo era vê-los na Festa de Nossa Senhora do Rosário. Agora durante o seu ensaio ele enfartou e declinou sua cabeça sobre a sanfona, o instrumento que o acompanhou, e tanta alegria deu as pessoas desses arredores. O fato se deu na casa onde morava Cristovão Rocha, na Rua Herculano José de Sousa, Bairro dos Pereiros. Partiu muito novo ainda, e ao lado de Maria Anália sua segunda companheira, e seu segundo amor.
A Jaime Monteiro o meu muito obrigado, sua contribuição a esta cidade de Pombal foi muito proveitosa, sua fama e sua habilidade com o instrumento sonoro, a sanfona, alegrou a muitos, quer tenha sido no profano(cabarés e festas diversas), quer tenha sido no sacro ( na igreja e capelas, que a todos acolhe), deixando muitas recordações alegres aos que te ouviram tocar. Que o Deus da vida e misericórdia, te conceda a tua recompensa e também a tua paz.
Texto Paulo Sérgio
parabéns amigo paulo pelo brilhante trabalho elaborado valeu muito.
ResponderExcluircada dia fico supresso com seu trabalho tao bem elaborado parabéns continue assim mesmo valeu.
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