domingo, 14 de agosto de 2011

Almino de Oliveira 16 de Setembro 1935 a 04 de Julho de 2010.

Almino nasceu na Cidade de Bom Sucesso - PB, filho do casal Lucas de Almeida Filho e Rita Cardins de Oliveira, começou desde cedo a trabalhar na agricultura, pastoreando as ovelhas junto com outros dois garotos, um irmão e um primo próximo, mas todos os dez filhos do casal trabalharam na roça. A vida de Almino não se resumiria ao trabalho rural, logo cedo desenvolveu dons para a mecânica e consertava os mais diferentes tipos de motores e sua fama repercutiu, mesmo assim continuava ajudando seus pais no sítio, mas ele adquiriu um problema de saúde e por este motivo, não pode mais pegar no pesado. Casou-se no dia 28 de Novembro de 1957, com a jovem Raimunda Lima de Oliveira.
Meses depois do seu casamento, deixaram o sítio e vieram morar na cidade, ele trabalhou na cidade de Bom Sucesso, depois de ser descoberto por Lauro Paixão (na época prefeito de Bom Sucesso - Paraíba), em Jericó cidade próxima, também trabalhou sempre conduzido por seu Lauro, e quando Paixão veio embora para Pombal, trouxe a sua nova descoberta com ele, para trabalhar como mecânico na antiga e saudosa Brasil Oiticica, empresa que proporcionou durante muitos anos um desenvolvimento na economia local e por que não regional,  sim, uma vez que transportava toda a produção da região polarizada por Pombal naquela época.
Sua percepção para diagnosticar e resolver os problemas nos motores, rendeu a ele muitas viagens para Fortaleza-CE, a fim de auxiliar aos engenheiros da empresa. Relataram-me que foi não foi o avião baixava enviado pelos supervisores da Brasil, para levar Almino à capital cearense e nunca os desapontou. Pelo seu problema auditivo foi aposentado por deficiência e afastando-se de suas funções, montou sua própria oficina, mas sempre auxiliado por Lauro e Lourdes Paixão, que os tratavam como filhos. No ano de 1967, compraram seu primeiro automóvel, era um jipe que pertenceu ao Monsenhor Oriel Antônio, padre da freguesia. Em 52 anos de casado, Almino e Raimundinha não tiveram filhos biológicos, mas sua casa sempre foi aberta aos irmãos e sobrinhos do casal que vinham para estudar e eram muito bem acolhidos, sendo por fim adotados três destes sobrinhos, Luciana, Maria José e Maria de Fátima. Pela simpatia que possuía aqui em Pombal fez grandes amizades, como é ocaso do casal Nicacio Coutinho e Mércia, que representam aqui todos os que prezaram por sua amizade, e eu sei que foram muitos! Em virtude dos seus serviços relevantes, recebeu da câmara municipal desta cidade, casa Avelino de Queiroga, o título de cidadão pombalense em 05 de maio de1986, naquele mesmo ano foi convidado e entrou para a maçonaria, anos depois se afastou.
Deixou-nos vitimado por um câncer de pulmão, mas antes de morrer revelou para sua esposa e para sua irmã Nevinha, que aos doze anos de idade, quando ainda cuidava das ovelhas com os seus dois ajudantes, tiveram a visão de uma mulher muito bonita sobre uma grande pedra que existe ainda hoje no sítio de seus pais, e essa mulher era Nossa Senhora da Salete, pois segundo ele, ela chorava muito e os ensinou uma bonita oração (que não me foi revelada), além de alguns outros sinais deixados por lá. Como Almino não gostava de ser questionado sobre suas visões, resolveu deixar sua terra natal e tentar a vida em outro local, aonde ninguém soubesse deste fato, além disso ele revelou que a Santa pediu para ele não se casar, disse ele neste momento: -eu desobedeci!
Recordo-me de Almino um homenzarrão sempre trajando a mesma roupa, uma camisa, calca preta social e sapato vulcabras. Bom, quando eu era menino, vi por muitas vezes ele passar lá em casa brincado com meu avô, pegando-o pelas pernas paralisadas nos anos 50, ou com uma de suas mãos prensando as mãos do meu avô, às vezes não achava ser brincadeira e tentava ajudá-lo, mas não adiantava, ele me segurava com a outra mão, era um verdadeiro gigante! São tempos que não voltam nunca mais, porém estão guardados na minha memória. Eu sabia da amizade e do carinho que expressavam com suas brincadeiras, como pai sempre dizia: ``nós somos parente``. Fiz duas visitas a Almino enquanto convalescia e foi difícil ver tão frágil, o gigante que dominava um homem e um menino com suas mãos sem ao menos pestanejar, sinto falta de suas brincadeiras.  Que Deus o recompense na eternidade e que Nossa Senhora da Salete rogue por todos nós.

Paulo Telmo, um poeta repentista, prestou a sua homenagem dizendo:

Mecânico que consertou                           Onde os carros passava
Caminhão, Jipe e rural                             Num posto de gasolina
De Bom Sucesso a Pombal                      Tinha uma oficina
Tirou do pego trator                                   Aonde ele trabalhava
De repente se operou                               Todo carro ele arrumava
De um caroço pequenino                          Deixava funcionando
Morreu, foi para o céu divino                     Depois ia passeando
Pelo caminho mais curto                           Na rua do grande hotel
Pombal se cobriu de luto                           Almino foi para o céu
Com a morte de Almino                             Deixando Pombal Chorando...

``A melhor maneira de amenizar a saudade é ter orgulho da lembrança``
                                                                                                       Nevinha


                                                                                                                Texto de Paulo Sérgio.

Um comentário:

  1. "O passado só vive se recuperado no presente, atualizado pela nossa memória." E com muito orgulho e saudade que recordo sempre de tio Almino, nos deixou os verdadeiros valores de um ser humano de caráter.
    Sua sobrinha Renata, Catolé do Rocha- Pb

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