sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Maria de Jesus Guedes Medeiros , 03 de dezembro de 1924 a 09 de abril de2010

               A menina Maria de Jesus, 3º filho dentre os 10 do casal Antônio Firmino da Nóbrega ( um paraibano) e Deolinda Guedes da Nóbrega (pernambucana), nasceu  no sítio Santo Amaro, município de Pombal - PB. Como sendo a 1ª filha do casal foi levada a pia batismal da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, no dia 24 de dezembro de 1925. Cursou os primeiros anos escolares no sítio onde residia e veio para a cidade de Pombal continuar seus estudos, aos 16 anos, no Grupo Escolar João da Mata com as professoras Edi Seixas e Clesilte Lessa Nóbrega, ficando em companhia de seus tios e padrinhos Simplício Ferreira da Nóbrega e Guilhermina Medeiros além de sua prima, Cessa Medeiros.
            Em 1946, Maria de Jesus iniciou um namoro com seu primo Severino Nóbrega de Medeiros que já era comercialmente em Pombal e, em 06 de setembro de 1.947, houve o enlace matrimonial na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Do casal nasceram três filhos: Carlos Antônio, Sônia Maria e Paulo Roberto Guedes de Medeiros. Do 1º e 3º filhos nasceram cinco netos: Carlos Antônio Guedes de Medeiros Júnior(in memória), Renata Karina e Alessandro Henrique Pereira de Medeiros; Felipe e Guilherme Bandeira de Medeiros.
            Além da profissão de costureira, desde 1947 ela acompanhou seu marido, no comércio, até o falecimento dele, em 17 de fevereiro de 1.975. A partir de 1.976, o equilíbrio e persistência de dona  Jesus foram evidenciados, pois, arregaçando as mangas, assumiu de direito e de fato as suas funções, passou a conduzir sua família e administrar os negócios agropecuários e comerciais, com maestria. Portadora de um espírito empreendedor admirável,  e uma autodeterminação em preservar os bens deixados por seu falecido esposo, bem como a dedicação aos filhos, atenção à educação dos netos e foco na união de todos os familiares.
            Em 1989, Maria de Jesus fez a sua viagem a Europa. Conheceu algumas cidades da França e da Espanha, além de visitar a Basílica de Nossa Senhora de Fátima e a Capela da Aparição em Fátima - Portugal. Participou das celebrações da Semana Santa junto ao Papa João Paulo II, durante a Via Sacra no Coliseu e na Basílica de São Pedro, no Vaticano - Roma. No domingo de Páscoa ela visitou a Basílica de São Marcos em Veneza - Itália. Durante todo esse passeio pela Itália, ela estava em companhia do então seminarista, e atual Padre, Agripino Ferreira de Assis um filho de Pombal.
            Dona Jesus recebeu varias homenagens, da Associação Comercial de Pombal, em 1998, reconhecendo a honradez impregnada no seu tirocínio, outorgando-lhe o Título de Honra ao Mérito pelos 51 anos de atuação no comércio, à frente da Casa Borborema. Em 2007, recebeu o prêmio Troféu Imprensa pela publicidade contínua da Casa Borborema. Em março de 2009, foi homenageada pelo Poder Legislativo de Pombal, no Dia Internacional da Mulher por seu destaque na sociedade pombalense. Também foi homenageada na “Festa dos Filhos de Pombal”, em dezembro de 2009.
Maria de Jesus gostava de flores, talvez pela beleza, inocência e pelo perfume que exalam por doação, gratuitamente: Função divina. Por isso, regava diariamente seu jardim, pois, assim alimentava o desejo de estar perto das rosas. Talvez a invocação de um imaginário de infância ou um bem-estar adulto. Seria a observação diária do ato divino de doar, de exaltar a beleza e, também, a vontade de querer imitar as flores e confundir-se com elas no seu dia a dia. O seu coração morava por entre flores, doação e silêncio. Estando em meio a essa tríade, pouco importava a ela o barulho do mundo. Hoje, o coração dela já não pulsa mais. Contudo, no silêncio da mãe-terra que a recebeu docemente descansa em paz. Era religiosidade pura, não perdia nenhuma missa dominical, gostava de participar as 09h00min, sempre no mesmo local com sua mantilha sobre a cabeça como sinal de humildade como faziam nas épocas tradicionais. Após a missa seguia para sua propriedade para acompanhar os trabalhos desenvolvidos sob sua orientação.
De dona Jesus me lembro que algumas vezes aos domingos visitei a sua casa sempre à tarde, era o horário mais apropriado para encontrá-la em casa, tinha prazer em abrir as portas para Alex Nóbrega (seu parente) e eu, o sacristão da igreja matriz. Nós íamos para curiar o passado e ouvíamo-la a contar como era na sua juventude, ou as histórias de Chico Pereira (o Cangaceiro), e sua esposa Jarda (prima dela), sua luta com o seu esposo o senhor Severino, e como fizeram para uma promessa na capela de São Severino dos Ramos, mas para chegar ao destino final teve de ser levado nos braços pelo filho, pois já estava enfermo, e como pagou o voto. Por diversas vezes nos mostrou o álbum de família e mostrava com orgulho os seus filhos contando como cada um havia atingido o seu objetivo profissional, depois um lanche que nos oferecia mais contos! Nós ficávamos deslumbrados com tudo aquilo, era como viver em uma época que infelizmente não tínhamos tido o prazer de conhecer, pois sei que a nossa história é riquíssima e triste ao mesmo tempo!  
             Esta mulher lutadora, acreditem, trabalhou com perseverança todos os dias, até os seus 86 anos de vida, foi um exemplo de determinação, luta e boa conduta.
            A Dona Jesus o meu muito obrigado pelas histórias que me proporcionou ouvir e viver ao mesmo tempo, que Deus a recompense por tudo, e descanse em paz.

Texto adaptado de Momentos de vida de uma “mulher de fibra” da Família Guedes de Medeiros, por Paulo Sérgio.





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