sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Epifânio Alves de Sousa( Beato), 01 de abril de 1911 a 03 de julho de 2010


Seu Beato como era conhecido, nasceu no Sítio Riachão no município em Pombal, é filho de Raimundo Alves de Sousa e Maria Baptista da Conceição, e juntos moraram toda a vida nesta comunidade.
Não estudou mais que um mês, apesar de seu pai ter contratado um professor particular, nenhum dos filhos que eram: Joana, Maria, Francisca, José, Severino, Manoel, Antônio e Beato aprovaram muito a idéia, e principalmente Beato que era o mais bandoleiro do grupo. Ele aprendeu a ler e escrevia apenas o seu nome, não continuou no colégio para ganhar os tabuleiros (era bem empestado o menino)!
Contraiu casamento em 1935 com Severina Januaria de Almeida (nascida no sítio Bom Vista em 1919, filha de José Januário de Almeida e Ana Maria Trindade). Deste casamento tiveram duas filhas, a primeira morreu ainda pequena (um anjinho como se dizia no sertão), e a segunda é Creuza, que foi sua companhia até os seus últimos dias de vida, pois há anos era viúvo.
Beato trabalhou na agricultura, além de comprar e vender gado, para os mais variados marchantes e criadores da região até a década de 70 (atividade esta que o tornou bastante conhecido nesses arredores). Antes disso ele deixou a propriedade e veio para a cidade comprar sua casa de morada em 1957, localizada a Rua Nova por trás da Igreja Matriz, mas todos os dias se dirigia para pegar o leite e vender aqui na rua. Viajava nas saudosas empresas:  Viação Santa Cruz e Ouro Branco( Eram ônibus baixos, laranja com branco além de pára-brisas meio arredondados), que faziam o percurso nas cidades de Santa Cruz-PB – Pombal – Lagoa – Jericó - Catolé do Rocha, São Bento- PB e pequenas localidades das quais não me recordo os nomes. Mais me lembro de quando minha mãe e eu seguiamos para o sítio de propriedade de minha bisavó Ana, pegávamos um destes ônibus e para a gente entrar o motorista tinha de mover uma grande manivela situada sobre o tampo do motor, depois que entravamos o cobrador Andorinha( que era um senhor moreno e muito brincalhão, e que ainda hoje o é, e vive próximo do contorno de Lagoa-PB), vinha com seu bloco de passagens, escorava-se na poltrona onde ficávamos minha mãe e eu,  perguntando o destino desejado. E dizia uma gracinha, -``Me dê este menino para eu criar?`` Eu respondia negativamente! Ele rindo, extraía e entregava o bilhete, daí quando recebia o dinheiro ele voltava lá pro final do ônibus e todos seguiam viagem tranqüila apesar do veículo ser um tanto ultrapassado.
Quanto a Seu Beato não se sabe qual o motivo de sua alcunha(Beato), recebido ainda jovem, no entanto no ano de 1958, seu Beato, ingressou no Apostolado da Oração, um dos maiores grupos de adoração do Sagrado Coração de Jesus, e se consagrou, mas apenas ele, sua esposa não o quis acompanhar no grupo, mas participava com ele nas celebrações! Na igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, fazia as suas orações e participava das celebrações das missas, fazendo valer o seu apelido, era muito devoto e fiel.
Eu conversei algumas vezes com Epfânio, mas sempre coisas rápidas, informes curtos sobre horários de missas, ou avisando sobre futuras celebrações, que ele sempre participava (como costumo fazer até hoje, pois dentre tantas atividades para um sacristão, esta seja a mais complicada, nem todas as pessoas compreendem o que as outras pessoas tentam transmitir). Uma coisa que eu achava bonito em Beato era o fato dele sempre vir com sua fita de cor vermelha do apostolado, e sempre entrava pela porta lateral, acredito que seja pelo fato de ser mais propicia para o seu acesso. Outra característica, talvez também a concentração que dedicava ao Senhor. Ele também era bem sincero, quando queria falava na cara o que o incomodava, era bem positivo, para alguns isto é um agravo sério!
Creuza, sua única filha, contou-me que a lembrança mais forte de seu pai, era quando ele ficava na janela todo dia (gostava de ficar de pijama de mangas longas), e os amigos passavam ou vinham fazer uma visita daí ele muito acanalhado, começava a dizer lorotas com os amigos, só para puxar conversa. Era muito divertido!
O meu muito obrigado a Beato, pela parcela de contribuição que deu a nossa Pombal, sua dignidade, brincadeiras e exemplos, foram para todos que o conheceram, um demonstrativo, um exemplo de caráter e amor próprio. Que o Deus da Vida o abençoe e te conceda a paz.

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