domingo, 18 de setembro de 2011

João Pereira de Mendonça, 30 de marco de 1909 a 17 de dezembro de 1987

        João Espalha, como era conhecido, era filho José Pereira de Mendonça e Maria Rita da Conceição (motivo este que o levara a ser devoto de Nossa Senhora da Conceição).
Seus estudos não se têm registros, mas foi muito bem educado, uma vez que viveu muitos anos na casa paroquial sob supervisão do Mons. Valeriano Pereira de Souza (que assumiu a paróquia de Nossa senhora do Bom Sucesso no ano 1893, concluiu a Igreja Nova em 1897 e morreu em 1961 nesta cidade), e foi muito educado além de ser prestativo, pois ainda jovem certa vez serviu de guia de cego a um senhor a quem chamava de tio Jacó.
João Espalha, foi uma figura muito bem vista na sociedade pombalense, era de família humilde, mas nunca deixou de ser vaidoso. Seu fraco eram os perfumes, jamais saia sem se perfumar e arrumar-se primeiro! Tanto é que inúmeras vezes os bancários diziam: - Dizem que nós somos ricos, rico é João Espalha que não deve a ninguém e só anda arrumado!
Em 30 de marco de 1931, casou-se com Zaida Ana do Nascimento, viveram 56 anos de união e juntos tiveram uma prole de 19 filhos, mas criou apenas 17: Edinaldo, Arnaldo, Raimundo, João Filho, Francisco, Antônio, Edvan, Edvaldo, Erivaldo, José, Francisca Pereira de Mendonça e Ana Pereira Damacena(Ambos in memória), Zoraída, Zaide, , Maria Zenaide, Maria das Graças, Maria Zilma, além dos netos e bisnetos.
            O filho de Zé Espalha foi de tudo um pouco: agricultor, engraxate, musico na orquestra da cidade, e vigilante da Cagepa (o primeiro diga-se de passagem!). Ainda adolescente se dedicou a arte de engraxate no centro da cidade, e por ser membro de uma família de ritmistas logo despontou a paixão pelas notas musicais.
 Em 1937 tornou-se membro da Banda de Música Santa Terezinha tocando ao lado dos mestres da nossa música como: Elizeu Veríssimo, Saturnino Santana, Zezinho Santana (Zezinho Sapateiro), José Vicente, Francisco Benigno de Araújo, Frederico Roque, Manoel de Danaria, Anchieta Veríssimo, Adamastor Gouveia e Tié (pai do professor Toscaneje), entre outros, só deixando suas atividades no derradeiro dia de vida sobre esta terra.
Engraxava no centro da cidade de fronte a farmácia de senhor Neném, sempre com sua grande cadeira suspensa sobre um caixote com rodinhas, e nos grandes eventos ele seguia na banda tocando e alegrando as ruas de nossa cidade. Sua batida animou muitos carnavais, e também a tradicional Festa do Rosário(Iniciada no ano de 1895 oficialmente, pois antes era apenas uma simples devoção dos negrinhos).
Ivo Geraldo (primo segundo de João Espalha), também tocador desta cidade me confidenciou que João Espalha era um exímio tocador de Gaita (realejo), e disse mais: - O melhor! Uma vez que tirava fala do pequeno instrumento.
Em vida, o engraxate Espalha, foi um exemplo a todos, pois para ele todo trabalho era digno, desde que feito com dedicação e honestidade. Buscou viver esta filosofia e educar seus filhos, que seguiram o seu exemplo.
Maria Zilma sua filha caçula comentou que no tempo de inicio da invernada, ele ia preparar o pedacinho de terra para plantar: Milho, feijão e algodão.  Ela escreveu: - Era uma festa quando o ano era bom de inverno, que a colheita era boa! Lá íamos nós  para o roçado fazer a colheita.
João Espalha era dono de um senso de humor fenomenal, aonde chegava mexia com todo mundo, era impossível alguém ficar triste estando ele ao seu redor. Foi um homem reto em suas ações, além de bom marido, irmão e amigo. A sua herança deixada foi à simplicidade e os exemplos de honestidade.  Aos 78 anos de vida, ligava a radiola com LP de Pe. Zezinho, scj e ficava se balançando na rede ouvindo aquelas músicas que o faziam relaxar, sua preferida era Utopia.
Um detalhe de João Espalha que poucos lembram ou talvez nem saibam, é que foi amigo e confidente do saudoso Paulo Pereira, que diversas vezes o procurou para desabafar e o ouvir tocar.
Quando eu era pequeno descia para a rua acompanhado de minha avó ou minha mãe, ficava abestalhado ao passar na calçada da farmácia  vendo aquela cena que não esqueci: um homem bem sentado numa cadeira com um forrinho de retalhos brancos, sobre um caixote  com rodas de madeira lendo um papel, sei lá talvez um jornal! Na sua frente outro senhor lustrando os seus sapatos.   Eu passava e o pescoço ia rodando prestando bem atenção em tudo! Eu queria subir lá um dia com sapatos pretos, para ver aquele homem lustrá-los, mas não tinha dinheiro nem tão pouco sapato preto, os meus calçados eram sapatinhos de pano grosso de duas cores amarelo com branco muito bonito por sinal (as condições eram poucas, o que eu tinha nos pés era luxo), mas todo menino é caviloso e curioso!
A João Espalha o nosso muito obrigado, por todos os serviços prestados a esta terra de Maringá, sua história de luta sempre será lembrada e com certeza escrevestes parte de nossa história, quer de fronte aquela cadeira, quer ritmando em nossas vidas. Que Deus te abençoe e te conceda a paz!

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