sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Monsenhor Oriel Antônio Fernandes, 18 de novembro de 1911 a 17 maio de 1969


          Nasceu no sítio Quixaba, na vila de Belém, hoje Uiraúna, filho de Marcelino Josa Vieira (Major Salo) e Maria Emetina Fernandes das Chagas. Eram seus irmãos, José Marcelino(Zé de Salo), Ana Socorro (Orcina), Maria Inês(está morava com ele , quando estava em Pombal), e Francisca Emetina, todos in memória.
Foi batizado aos 25/11/1911, na Quixaba e o Oficiante: Cónego Bernardino Vieira e sua Ia Comunhão aos 20/12/1920, em Uiraúna-PB  o Oficiante: Cónego José Viana da Cunha.
Em Quixaba, suas primeiras letras foram ministradas pelos pais.  Depois continuou os estudos em Uiraúna-PB, sendo preceptor Mons. Constantino Vieira.  E Viajou para o Seminário da arquidiocese da Paraíbade, em  João Pessoa-PB, aos 29/01/1929, e entrou no seminário no dia 31/01/1929, onde fez os estudos ginasiais, filosóficos e teológicos. 

Quando seminarista, saía de Uiraúna-PB, a cavalo para apanhar o trem da Rede Viação Cearense(RVC), em São João do Rio do Peixe-PB ( nessa época a rede ferroviária, já destinada e montada em algumas cidades do sertão), com destino à cidade de Itabaiana, e posteriormente tomava outro trem de passageiros com destino a João Pessoa-PB.
Recebeu a batina das mãos do Monsenhor José Tibúrcio, Reitor do Seminário em 02/02/1929. E em 09/06/1935, recebeu a Tonsura – como oficiante: Dom Moisés
Coelho. Já aos 17/11/1935 recebeu as primeiras ordens menores das mãos de Dom Manuel Paiva, bispo de Garanhuns, uma vez que, Dom Moisés não podia ministrar por não ter recebido o Pálio Arquiepiscopal; a função que fora conferida a tonsura, era exigida havendo ordenações maiores.
Seguiu rigorosamente os passos para ser um fervoroso servo da igreja e do povo de Deus:

Em 27/11/1936, as últimas ordens menores - Oficiante: Dom Moisés Coelho;
Em 30/11/1937, ordenação de subdiaconato;
Em 06/03/1938, ordenação de Diaconato;

Em 20/11/1938, foi a sua ordenação Presbiteral na Catedral de Nossa Senhora das Neves.sendo oficiante Dom Moisés Coelho, Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.
Celebrou a primeira missa solene em sua terra natal, no dia 08 /12 do mesmo ano, saindo em procissão da casa dos pais até a Igreja de Jesus, Maria e José.
Em 21/11/1938, na ordem 3a do Carmo, 1amissa;
Em 23/11/1938, 2amissa em Cajazeiras-PB;
Em 24/11 /193 8, 3a missa em Uiraúna-PB;
Em 25/11/1938, 4amissa em Quixaba-PB.
Padre Oriel era totalmente identificado com seu ministério, sem aspirar a nada neste mundo, senão ao Reino de Deus, para si e para os fiéis, aquém sempre instruía em seus sermões(pois era o único momento que o povo entendia da missa, eram todas em Latim, que mudou após o Concílio Vaticano: Deus está no meio do povo!), nunca buscou títulos, mas foi Cónego e Monsenhor, ainda jovem(títulos que a Igreja Católica Apostólica Romana, concede aos sacerdotes menores que muito si dedicam ao reino de Deus), nem tão pouco cargos, mas foi pároco inamovível/colado nas duas paróquias mais importantes da diocese, por onde passou). Não buscava riqueza, nem prestígio social, era destinador de boa parte das receitas e ofertas da paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso para o seminário e para a diocese de Cajazeiras, por tamanho zelo segundo Rosalina da Silva, a sacristã que trabalhou com ele até os seus instantes finais sobre esta terra, recebeu uma bandeira com as armas do vaticano enviada pelo bispo. Servidor e acolhedor dos pobres, dos matutos, com quem nutria profunda identidade afetiva (Por pedido do seu bispo, criou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombal, que segundo Antônio Santana, hoje com 93 anos de idade e mais de 30 destes na presidência, que passou, a aposentadoria só existiu por força destes sindicatos,bravamente deferndido pelo Côn. Oriel, naquele tempo eles até si escondiam da polícia para realizar suas reuniões).
Era devoto fervoroso de Nossa Senhora do Carmo, era ele mesmo membro da Ordem Terceira do Carmo, como o era também do Sagrado Coração de Jesus. Grande apóstolo da boa imprensa, sempre andava com a "famosa" mala, carregando bíblias ou textos evangélicos, catecismos, livros religiosos, terços, medalhas, santinhos (Como forma de fazer apostolado, e não visava lucro nisto). Era muito generoso no atender às pessoas, visitar os enfermos, administrar os sacramentos.
 Sua casa paroquial era sempre muito pobre, pobre também a sua mesa, e seu quarto de dormir. Enquanto sacerdote assumiu como:
Vigário do Uiraúna, substituindo o Cónego Anacleto por pouco tempo;
Vigário substituto em Patos por pouco tempo;
Vice Diretor do ginásio e professor de latim do 1 ° ano;
Cooperador da Catedral de Cajazeiras, exercendo o cargo de professor de Português no Ginásio Salesiano;
Vigário de São José de Piranhas de 29/06/1943 a 29/06/1945;
Vigário de Santa Luzia, por 2 meses;
Vigário de Catolé do Rocha (Em Catolé, ministrou aulas de Português e História do Brasil nos cursos normais da Escola Dona Francisca Mendes), no período de 08/12/1945 a 30/03/1947;
No período de 06/04/1947 a 09/02/1957, ocupou sucessivamente os cargos de Cooperador e Vigário inamovível da Paróquia de Sousa (Foi professor de Português da Escola Rural, além de outros feitos como criação de Capelas, melhoramentos, e construção na Igreja Matriz naquela cidade); Chegou ao máximo quando, para atender à exigência de um colega, renunciou e deixou nas mãos do Bispo, imediatamente, o cargo de pároco colado da paróquia de Sousa (que ele amava muitíssimo), para que o Bispo assim resolvesse o caso do dito sacerdote.
Em recompensa aos 17/02/1957, foi designado e nomeado Pároco inamovível da Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pombal (Exerceu as funções de professor do Ginásio Diocesano, Professor de Religião e Capelão da Escola Normal Josué Bezerra. No Hospital Sinhá Carneiro, exerceu função importante, era diretor, pois nessa época o hospital que pertence a nossa paróquia era administrado por irmãs religiosas, e o vigário sempre representava este cargo);
Construiu a Escola Paroquial São Vicente de Paulo(hoje Centro de Formação da Comunidade Católica Remidos no Senhor), e algumas Capelas entre outros benefícios foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Pombal e Lagoa no dia 22 de setembro de 1963, citado anteriormente.
Célebre foi a sua fuga, no dia que completou vinte e cinco anos de ordenação sacerdotal, quando foi esconder-se em um sítio, para escapar da homenagem que o clero (o de Patos, com o Bispo) estava para lhe prestar, reunidos em Pombal. Então os Monsenhores Vicente de Freitas e Abdon Pereira passaram a noite vagando a sua procura até localizá-lo e trazê-lo de volta a Pombal, para a missa solene e o banquete, conforme determinara Dom Zacarias.
Sempre foi obedientíssimo e desapegado dos bens materias. Como bom amigo que sempre foi, guardava no peito uma preocupação, pois a igreja havia liberado quanto ao uso da batina, e com ele morava o Cônego Luiz Gualberto, que foi um dos primeiro a deixar tal identificação(antigamente era uma surpresa para as crianças quando viam as pernas das calças dos padres, devido ao fato de eles estarem sempre vestidos de preto, daí quando isso ocorria sempre si ouvia: -`` O padre é homem mesmo, eu vi as pernas das calças dele mamãe!``), e também pelo fato do Amigo está passando por um processo de questionamento em  sua vocação, chegando a assumir um compromisso com uma jovem desta cidade filha de um antigo comerciante na data(este fato é comum na boca dos mais antigos de nossa Pombal), mas Dulce me revelou nestes termos: -`` Con. Oriel conversou com ele e disse que o havia criado e posto no seminário, isso Côn, Luiz  devia  a ele. Estava fazendo um pedido especial, que ele abandonasse aquela decisão e reassumisse sua profissão com Deus e com a igreja! Ele não pensou duas vezes, desfez o romance e foi embora de Pombal (há boatos de que aquela Jovem, que hoje mora na Capital não guardava simpatias pelo religioso, pelo fato de ter influenciado no seu compromisso, mas o tempo age sobre tudo e para todos, refez a sua vida), terminou Cônego Gualberto, seus dias como um servo fiel, afinal todos estamos sujeitos as quedas, religiosamente falando.
Soubemos que Oriel era apaixonado pelas cornetas da matriz, que tinha um sonho de comprar um jipe e conseguiu um na cor azul, depois da aquisição saía buzinando para chamar a atenção dos populares, há quem diga que era porque ele não sabia dirigir direito! Ele também si dava muito com as crianças e quando podia sempre batia uma bolinha no terreiro da casa paroquial vestido de batina, é claro. No muro da casa havia um velho carrossel que servia para as crianças da catequese, da Pia união das filhas de Maria, Apostolado da Oração mirim, e os membros da cruzada eucarística brincarem, pois não viviam apenas de orações.
``Agora pelo fato dele ser de idade mediana, poucas pessoas da elite da cidade buscavam aproximação com o pároco, sempre o respeitava, mas tudo restrito e sua vida simples assim o foi em todas as dimensões até nos banquetes em sua casa, pois poucos vinham ofertar, como vê-se hoje nas localidades a fora, mas nunca reclamou``, disse dona Nini.
As coisas acontencem e nunca acontecem como nós planejamos ou esperamos totalmente, pois  Congoriel, como era mais conhecido, adquiriu uma enfermidade e teve de ir a Natal-RN, e segundo Dulce, enfermeira e amiga particular, foi ele apenas com uma malinha simples de madeira, fabricada por seu Inácio(vendedor de malas, fogos de artifício e caixões na cidade de Pombal), quando voltou de sua suposta operação ele sempre ia as 4hs30Min para tomar escondido doses de buscopan, pois naquela época não havia um tratamento exato para o câncer, e hoje ainda não é eficaz totalmente), para amenizar suas dores. Certo dia Maricô indagou de Dulce : -``O que é que padre Oriel vai fazer em sua casa toda madrugadinha?``   Ela respondeu: -`` Vai rezar debaixo de um pé de côco que tem lá em casa!`` Ela não podia dizer, pois era uma preocupação do padre, ele era louco pela irmã e a tratava como uma criança. No entanto para não contrariar sua irmã(e pelo fato dela possivelmente ter medo da doença, o que de fato aconteceu, e em sua morte não aceitou que fosse velado na casa paróquial, além de queimar todos os seus objetos pessoais no muro da mesma), como também nunca soube ela, do desgosto que o causou, ao casar-se com uma pessoa não aprovada por ele.
Mons. Oriel nunca abandonou a fé e demonstrou uma lição de simplicidade religiosa, pois escolheu por confidente o seu amigo o Reverendo Jonas(in memória), amigo particular, era ele que sempre o aconselhava, também os padres que aqui moravam, como o Pe. Andrade(in memória). Nos dias finais o reverendo o visitou e perguntou:  -``Como vai a fé Oriel?  Daí ele sereno, respondeu: -``Legal!``          
Estava no Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro quando nos deixou e foi sepultado na Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso em Pombal-PB (Em vida, externou o desejo de ser Sepultado aqui nesta cidade onde exerceu seu ministério sacerdotal nos últimos 12 anos de vida),  sua decisão foi acatada pela família.
Ainda nos dias atuais, Monsenhor Oriel, é tratado como um santo, dezenas de  velas são acesas pelas pessoas todos os dias na sua lápide. Não conto as inumeras promessas alcançadas pelos fiéis antigos, e aquelas replicas de membros humanos ( em madeira, cimento ou gesso), depositados ao lado da sua pedra(estes objetos foram perdidos nas duas grandes reformas de 2002 e 2009, que passou a igreja), claro que os novos e jovéns fiéis da nova matriz talvez por não darem ouvidos aos conselhos e relatos dos mais velhos desconhecem tais acontecimentos vivenciados por cada um deles, mas há ainda quem o considere servo fiel e intercessor junto a Nosso Senhor Jesus Cristo!
A esse respeito Rosalina comentou: -`` Vivemos um tempo muito difícil de secas, os bichos estavam morrendo, as plantas. Um dia Padre Oriel organizou uma caminhada penitencial, saímos da matriz para o bar centenário com a cruz na dianteira. Quando chegamos lá, ele vestido de batina preta e roquete branco(só andava assim nas missões), se ajoelhou e proferiu uma oração tão profunda e bonita, que ficou vermelho, no céu não tinha uma nuvem! Daí a pouco uma nuvem carregada apareceu e começou a chover forte, eu sei que corri para casa com medo e deixei ele lá com os outros que não me imitaram!
 Ainda não há relatos de qualquer mobilização da parte da Igreja local, ou da parte da família sobre um pedido formal de estudo detalhado sobre os milagres alcançados para o seu processo de canonização.
Ao Monsenhor, ou ao Công`Oriel, o nosso muito obrigado, tudo isso pelos serviços prestados a esta comunidade de Pombal, pela dedicação especial a Festa de Nossa Senhora do  Rosário, e pelo exemplo de fé em Deus o nosso Criador, demonstrado aos seus, como deve ser feita uma entrega completa a Deus. Que Ele te conceda o repouso, a recompensa e também a sua paz.
                      Texto Pe. Gervázio, Maria de Lourdes P. de Almeida Araújo, Maria do Socorro Martins e contribuições de Paulo Sérgio

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