quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Virgílio Ferreira de Sousa(Love), 07 de junho de 1914 a 25 de setembro de 1973

         Love, como tradicionalmente era chamado, é filho natural de Patos-PB, no seio da família do senhor Juvino Ferreira de Sousa e Maria Madalena da Conceição, que tiveram uma prole de 10 filhos: Joaquim Ferreira de Sousa, Maria, Antônia, Zulmira, Luzia, Maria das Neves, e Manoel (estes todos in memória), ainda Sinésio(Tocador de fole de oito baixos), e Geracina (Lica).
Contam que seu pai Juvino era tocador e foi a uma festa no Rio Grande do Norte-RN, quando ouviu um brilhante tocador chamado Love Anvi fazer sua apresentação. Ao chegar de viagem procurou a esposa que estava de barriga e disse: -``Dona Maria, si esta criança que a senhora esta esperando for homem, vai ser chamada de Love!`` Acontece que no dia do batizado o padre encrencou com o nome e não aceitava batizar assim (naquela época os registros só eram feitos após ser batizada a criança), e apenas hoje é que sabemos a tradução da palavra ( Love,  é amor em inglês), e dono da situação  disse: -`` Eu vou batizar por Virgilio, agora depois vocês chamem como quiserem!``.
Virgilio, era só nos documentos e ai de quem pronunciasse este nome na rua! Seu Juvino (in memória), baixou uma ordem e é seguida até os dias atuais pelos seus filhos, e também pelos netos.
            Love não estudou, dedicou o seu tempo, desde os oito anos, a tocar o fole de oito baixos, instrumento que começou a fazer shows nos diversos bailes e nos vários cabarés de Pombal-PB, ainda jovem.
            Em 1938 casou-se em Desterro de Malta, hoje Vista Serrana-PB, com Maria Leite, com quem teve dezoito filhos, criando apenas cinco destes: Creuza, Ivonete nascida em 26 de setembro de 1946, Antônio, Creuzuita e  Francisca Leite Ferreira.
No ano 1943, mudaram-se para cá, iniciando uma vida nova com os seus,  e trabalhando na agricultura, a sua grande e inseparável paixão.
Por Pombal, trabalhou primeiro no Sítio de dona Melânia próximo a ponte beira rio, depois trabalhou com seu Severino no Sítio São Joaquim, ainda com Getro de Burgo, Luís Pedro ( genro de Melânia), Seu Liu e por ultimo  Zé Bento(segundo sua filha não tiveram direito a nada das plantações deixadas por seu pai, nem elas tão pouco a outra família, pois teve uma segunda), e disse: -``Nesse tempo eu era mulher nova, fui quem pagou para fazer o restante do serviço, vi muito melão e melância grande, mas não tiramos sequer uma raiz de algodão!``
No início de 1947 afasta-se de suas atividades na casa das mulheres, o senhor José Vitalino, a casa naquele momento pertencia aos herdeiros, Romão e Romeu(pai do sargento Wilson, in memória),  como já funcionava o ambiente, Love que tocou algumas vezes por lá decidiu arrendar o local( Love tocou ao lado de um sanfoneiro chamado de Nemias, um grande  homem, mas após cometer um crime, decidiu sair da cidade e levou consigo o seu talento e o seu instrumento). O imóvel era de uma estrutura imensa, um ambiente enorme distribuído em 02(dois), salões grades de festas, 1(um), salão de jogos/cassino,16(dezesseis), quartos sendo 06(seis), do lado direito, 06(seis),  a esquerda, e 04( quatro aos fundos),  todos para os encontros amorosos além de 01(uma), cozinha grande para as refeições das mulheres que sempre apareciam nos fins de semana, para fazer as festas, além das outras que eram trazidas por Love do Ceará ( Quinzenalmente um caminhão era enviado devolvendo as mulheres trazidas por Manassés, e outras eram trazidas em substituição dias mais tarde), a fim de atender as expectativas dos homens desta cidade e dos viajantes que cortavam por casualidade estes rincões pombalense.
Love possuía um espírito empreendedor, e enviava para fazer as feiras da cidade de Poço de Zé de Moura-PB, e numa baixa de arroz grande que tinha por lá, o Magro do cassino, instalava as camas e depois da feira retornavam a Pombal-PB. Também enviava Cícero de Benben para garantir o almoço da turma, que era galinha.
Genival Severo, líder na radiofonia da terra de Maringá, conheceu Love e revelou: -``Quando cheguei de São Domingos, eu já era um rapazinho, e observava o movimento do local. Como eu não tinha dinheiro para frequantar a casa ficava só olhando aquelas belas mulheres desfilando pela antiga Rua da Rodagem. Daí a pouco, Love dava uma espiada pela janelinha aberta para o salão das festas, do cassino, era de lá que ele olhava o movimento, e quando estava cheio o dance, ele corria e de posse de um moral cobrava de todo mundo, não ficava ninguém, só sobrava o Tarzan da família Américo! Essa cota era para cobrir o contrato já acertado com o sanfoneiro, o resto era lucro, e já era tudo combinado, pois Love pisava no batente o músico freava o instrumento, para só continuar depois de recolhida a cota. Virgem! Agora quando estava cobrando e me via lá dentro dizia para eu ir embora dali, pois não queria de menor por lá, e eu saía, mais depois voltava! Era um movimento grande, parecia uma grande festa, chamava a atenção das pessoas todas que passavam por lá, muito bonito!``
Creuza revelou que os homens da cidade não pagavam cota, pois eram sabidos demais, e que seu pai costumava cobrar sim a cota, mas que era aos sábados quando vinham as turmas grandes da zona rural, aí ele fazia a festa!  Lembrou que o imóvel foi comprado anos mais tarde por seu Chico Pereira (foi prefeito e deputado em Pombal), e a esposa de Love dona Maria, foi quem pagou pela escritura da casa no cartório com suas economias. Dona Maria, vendeu uns porcos por 40$000,00 Mil reis a Carrolino, para pagar pela escritura, mas depois de muitos benefícios feitos no prédio,  seu Chico Pereira mandou derrubar a casa, isso mesmo, pós no chão! Mandou demolir, e ainda deu os tijolos aos seus moradores, só restando a poeira e a lembrança do local de diversão. Os reais motivos  são desconhecidos por Creuza, pois ela revelou que na época deste acontecimento, seu pai já estava numa segunda união com Gercina Pereira dos Santos, vulgo Neguinha de Love, com quem viveu mais de 30 anos, e teve 3 filhos chamados:  Antônio, Carlos e Neto.
A casa ficava ao lado esquerdo de quem entrava na cidade, quase de fronte ao Grupo Escolar José Avelino de Queiroga (Grupo do Roí), hoje está apenas o terreno baldio. Revelou Creuza: -`` Love saia de manhã cedo de bicicleta para o Sítio e por lá passava o dia todo, voltando à tardinha para o Brega, e em algumas ocasiões ficava no sítio, restava a incumbência do seu empreendimento a sua atual mulher que abria o Brega todas as noites. Ele era um tipo alto, cerca de 104 kg, e carona amarrada, para intimidar os malas, mas muito bom! Agora adquiriu diabetes e teve de ser levado umas cinco vezes para Patos-PB, a fim de  fazer um tratamento da doença. Na sua ultima consulta, foi levado à força para a vizinha cidade, não queria deixar o seu roçadozinho, tinha muita paixão pelo que plantava e achava tudo belo!``
 Love não resistiu muitos dias, neste ultimo retorno ao médico, seu quadro complicou, e foi vitimado pelo diabetes, partiu.
A Virgilio Ferreira de Sousa(Love), o meu muito obrigado! Obrigado por sua dedicação a Pombal-PB, e a agricultura esta cidade. Os seus dois trabalhos, favoreceram nossa gente, o primeiro de maneiro fora dos padrões da moralidade da sociedade, mas como visitava quem queria, e ninguém era forçado, tão pouco chamado a visitar, contribuístes! E o segundo contribuiu para o processo de desenvolvimento da agricultura desta belíssima terra de Maringá. Que Deus te dê a recompensa que te é por direito e conceda a sua paz.

                                                                                      Texto Paulo Sérgio

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