Natural de Brejo do Cruz – PB, era filho de Manoel Simão dos Santos, e dona Maria Penha de Jesus, tendo por irmão, Severino (in memória), que gostava muito de pescar e caçar, este morava em Caicó.
Quando criança, o garoto Inácio, estudou pouco, provavelmente o colegial (antiga 5ª série), mas foi o suficiente para torná-lo membro da banda de música de sua cidade, e anos depois, ser incorporado ao quadro da policia Militar do Estado da Paraíba, aonde prestou relevantes serviços na cidade de Campina Grande, morando na Rua João Pessoa. Agora por motivos de um desentendimento, acabou quebrando um camaradinha, naquela cidade, e foi desligado da polícia. Foi quando decidiu vir morar em Pombal e continuar sua vida em companhia da nova família (Isso porquê Inácio Puçá, casou uma primeira vez com Manuella Maria da Conceição, em 28 de dezembro de 1921, na igreja matriz de Brejo do Cruz.), da primeira família tinha dois filhos: Francisco das Chagas(in memória), e Manoel, este mora para as bandas do Amazonas, porém hoje, não se sabe ao certo sobre sua vida. Depois de romper seus votos, Inácio contraiu um novo casamento com Inez Guedes da Silva, que teve de fugir para poder casar, pois sua família não queria o romance, feito isto, casaram, e ela passou a assinar como (Guedes de Oliveira), por meio de casamento civil cujo registro n* 527, livro 08, pagina 252v, data esta união em 18 de fevereiro de 1933, no cartório da comarca de Areia, logrado na Rua Getúlio Vargas, 136. Inez era Carioca, filha de Manoel Guedes da Silva e Augusta Moreira Guedes (naturais de Areia, mas um irmão de Augusta, sua mãe, que era comandante da Polícia militar no Rio de Janeiro, deu um sítio a irmã, para criar os filhos por lá e eles foram, ficando revezando sua estadia entre a Paraíba e o Rio de Janeiro. Desse novo enlace nasceram os filhos: João (in memória), além de Sebastião( hoje mora no Rio de Janeiro), José e Inácio(Didi), que moram em Pombal ainda.
Inácio, quando chegou a Pombal, no início dos anos 40, morou na Rua Nova (Cel. João Carneiro), no antigo Bangalô de Sá Leite, onde funcionou a agencia bancário e hoje funciona o shopping SEBRAE; nesse período o velho bangalô(que soube foi erguido por Sá que estava noivo com Maricô, e como ela rompeu o noivado, o homem não mais terminou a casa abandonando a construção), era alugado a duas famílias, que dividiam os cômodos: Era seu Inácio Nóbrega e Chico de Maria Querosene(ainda viva).
Didi comentou que o primeiro empreendimento do seu velho e saudoso pai, foi uma padaria, na data existiam poucas casas comerciais, a padaria foi montada por um amigo chamado Sebastião Alves do Vale do Piancó, que morou muitos anos em Campina Grande, a ``Rainha da Borborema`; depois da padaria, seu Sá Cavalcanti (prefeito na Época), ofereceu, para ele o bar do Coreto, que acabara de ser construído, ficou com os dois simultaneamente; depois montou uma cantina, mas isso até 1947.
Seu Inácio era um verdadeiro mestre na confecção de fogos de artifícios, pois aprendera desde muito jovem, com a família de dona Inez, que era toda de fogueteiros em Areia. Por aqui, logo adquiriu freguesia, no entanto, não era esta, a sua única atividade, uma vez que o velho Inácio Nóbrega, também confeccionava caixões, e abriu uma casa funerária, que segundo o filho José, era referência na micro-região de Pombal ( que compreendia Malta, Lagoa, Jericó, Paulista, e demais localidades), o estilo das urnas funerárias eram rústicos, para o ato final da vida de um ser, mas como antigamente, enterrávamos nossos entes a sete palmos, ou em cova rasa, com uma tanga de rede apenas, esta novidade tornava-se artigo de luxo! O caixão era uma modernidade , mas para quem não sabe, ou não recorda, era uma armação, um fino esqueleto de madeira; no fundo uma tabua estreita, com 3 ou 4 cm de espessura, com um formato de cruz, para dar sustentação, tanto a estrutura, como um todo, quanto aos membros do corpo sem vida, e o acabamento era sempre feito com um tecido de morim preto, muito leve. Eu me recordo, que os calcanhares desciam um pouco pressionando o tecido, na altura dos pés.
Assis de dona Bulita, uma vez comentou para Pedrinho e eu, dizendo que quando o seu avô João Clemente de Sousa partiu, então Acidália (in memória), sua tia, mandou que ele e Chagas, seu irmão, fossem comprar um caixão lá em seu Inácio, eles foram e com a vergonha maior do mundo trouxeram aquele caixão na cabeça. Assis disse assim: -‘’ Quando agente chegou lá em casa , e destamparam o caixão estava o nome bem grande PITÚ no fundo, aonde ficaria as costas! Quando tia Acidália viu, disse: - Pitu? Papai vai ser enterrado com o nome pitu nas costas? Vai não! Ô Assis e Chagas, volte lá em seu Inácio e diga que mande outra urna, porque meu pai não vai ser sepultado nesse aí não! Nós fomos, mais com a mesma vergonha, desfilando com aquele caixão preto na cabeça!’’
José lembrou: - ‘’Ele começou a fabricar caixões no mesmo período que Pedro Corisco, agora foi depois um pouco em 1947. Sua primeira venda foi em casa (no antigo Bangalô), e construiu até um barraco para vender os fogos, mas quando Seu Sá Leite vendeu a casa para construir a agência bancária, ele então montou seu comércio onde foi o deposito de Pedro Celestino Dantas(Pedrão, in memória), teve também outra casa funerária defronte a Nery, uma na Rua do Rosário, e por ultimo, foi na Cel. José Fernandes, vizinho a Zé Nogueira.’’ E continuou comentando: -‘’ Papai era uma pessoa boa, mas tinha um grande problema com o álcool, bebia demais! Bebia tanto que adoeceu, então passou vinte e dois dias em João Pessoa, si tratando, e quando voltou, veio gordo, bem tratado e bonito! Só que não deu muito tempo, ele logo caiu na cachaça, e dessa vez não durou muito, ele ficou bem magrinho, pois fazia muita extravagância!’’ Quando adoeceu novamente, mandou chamar o filho José, que na data encontrava-se em Irecê na Bahia, e junto com o irmão João e a esposa Daguia de Zé Pequeno, cuidaram do casal, e o fizeram até o fim. Depois da partida de Inácio, José foi embora para Natal, e com um tempinho foi a vez de sua mãe, mas só obteve notícias, tempos depois``.
Zé Nogueira disse: -‘’Seu Inácio tinha o prédio aí de fronte ao açougue publico o prédio muito velho, as telhas todas quebradas. Então certa vez choveu bastante, e toda vez que chovia, molhava os caixões devido às goteiras, e nisso passa Manoel doido (Manoel foi outra figura perturbada, que andou por nossas ruas descalçadas, mas como se fosse um grande inimigo, foi morto por enforcamento dentro do rio, por trás do grande hotel, e até hoje não se sabe o executor do feito maléfico), quando viu os caixões na calçada gritou: - Seu Inácio, leve estes caixões para feira que o senhor vende tudinho! E o povo só fazia achar graça. ‘’
Inácio Nóbrega, era fã de um carnaval, gostava de brincar na sede operária, comprava sempre duas fantasias, uma para ele, e a outra era para João, seu filho. No mais era requisitado pelos amigos ricos Juca Arruda, Dr. Lourival e Zé Arruda, para enfrentarem uma caçada, ou ainda uma boa pescaria, que nunca recusava o convite.
No ano de 1966, seu filho José sofreu um balaço, vindo de um policial, que alegou ter disparado por engano, e este engano, quase o ceifou! O Pai aflito fez um voto a São José, que intercedesse a Deus pelo seu filho, e se de fato ficasse curado, construiria uma capela, e faria as novenas em honra do seu santo padroeiro enquanto vida tivesse, o rapaz então ficou curado! Para cumprir com o prometido, ergueu o pequeno templo, e todos os anos realizava o tríduo e a festa social, estas aconteciam na Rua do Rosário, e de lá saíam às procissões com grande aglomeração de fieis, para a pequena capela, onde aconteciam as celebrações das missas. A capela existe ainda hoje, esta precisando de alguns reparos, nas paredes e no teto. A nora Daguia, tomou conta das festividads algum tempo, com a mesma pompa e festejos, e hoje através de José.
Didi comentou: -‘’Há muitos anos papai morou com a família em Caicó, ele tinha apenas um irmão, e se chamava Severino, ele havia sofrido um acidente que o deixou todo atrofiado. Papai foi morar lá para cuidar de meu tio, e mandou fazer um carro de mão para transportar Severino, uma vez que não existiam cadeiras de rodas, e o filho mais moço era quem levava o pai. Eu sei que papai tinha um acordo com meu tio: ele ia bancar tudo para sua família, e ele em contra partida não pediria nada para ninguém! Quando foi um dia papai flagrou Tio, pedindo dinheiro para o Tenente Celso(Prefeito de Caicó), ficou com muito desgosto, porque o irmão não tinha necessidade de pedir nada, pois ele dava de tudo, e até chorou! Nisso ele fez uma promessa para São Sebastião para que rogasse a Deus, e que se o irmão dele ficasse em condições de pelo menos comer com suas próprias mãos, mandaria fazer uma capela, em sua homenagem; com uma semana tio Severino estava comendo com suas mãos, aí papai começou a cavar o alicerce, e quando acabou de erguer o templo, no ponto mais alto de Caicó, meu tio estava de pé, ele foi agraciado! Meu tio partiu anos depois, pois sofria do coração e estava pintando uma casa, quando enfartou e caiu de cima da escada.’’ Didi comentou ainda que o seu pai tinha muita confiança em Deus, e tudo quanto pedia recebia, mas nunca cuidou de sair de pequenos vícios, como beber, ou jocar, que arruinaram suas finanças.
Chico de Ozório comentou que em determinado momento de sua vida convidou Inácio Nóbrega, para ir caçar no Maranhão, pois tinha um cunhado seu que era do fisco, e saia uma turma grande para lá, mas quando chegavam e começavam os preparativos para a caçada, seu cunhado e Inácio, faltavam ir as vias de fato, por causa da paixão pela política, que os possuía. E por falar em paixão política, Inácio Oliveira da Nóbrega, era UBD(União Democrática Brasileira), roxo, partido dos Carneiros. Na campanha que saiu Elry Medeiros, candidato, seu Inácio mandou fazer um grande pavilhão entre a coluna da hora, e o centenário, mandou cobriu com palhas secas de coqueiro, e quando na hora do comício, todos naquela festividade, ele então pegou na vareta do foguetão, pôs fogo, e o solto, aí a taboca subiu, mas veio explodir quase sobre a palhoça, que por estar seca, pegou fogo rapidamente, e todos que estavam debaixo correram das chamas, no fim acabou o comício antes do tempo. Ele mandou enfeitar todo o centro da Cida de Pombal de bandeiras pretas, quando da partida eterna de Getúlio Vargas, como comentou Inácio Filho, ele de fato era partidarista fanático. A Inácio Fogueteiro, o nosso muito obrigado, por fazer útil a nosso povo, as suas idéias, servindo a toda população que festejava (com os fogos), ou que sofria em polvorosa nos seus momentos de dificuldade sentimental, e até social. Pelo seu lado religioso, e humano, auxiliando aos mais carentes, quando dividia os pagamentos para os mais pobres, esperando o soldo do mês seguinte. Que Deus te conceda, a recompensa que te for devida, e te conceda a paz.
Texto Paulo Sérgio.