sábado, 26 de janeiro de 2013

Felinto de Souza Filho( Seu Moreira), 26 de julho de 1901 a 10 de dezembro de 1996


  

                Na cidade de Pombal, precisamente no sítio Navios, hoje município de São Domingos de Pombal-PB, cuja propriedade na atualidade é de Dr.Valdemir Josias, nasceu Felinto, vulgo Moreira, tudo isso pelo simples fato do seu padrinho de batismo ter por sobrenome Moreira( me foi revelado por Dr. Assis), e assim sendo o terceiro filho do casal Felinto Martins de Sousa e dona Santina do Santíssimo Sacramento, recebeu tal alcunha (era muito forte a presença do padrinho na vida das crianças naquela época). Moreira tinha por irmãos: João Felinto, Antônio Felinto Joaquim Felinto, Fortunata de Jesus, Severino Felinto, Maria Felinto e Manoel Felinto.
O amigo Moreira, estudou até o 4º ano primário, o normal para muitos naquela época, mas apesar de seu pouco estudo foi comerciante em nossa Pombal desde muito jovem. Fazia suas compras em Recife-PE, sempre a cavalo, ia para Campina Grande, de onde pegavam um trem com destino a  capital  Pernambucana. Foi através de Moreira, que Geny Alencar descobriu que o termo “Pandeiros” (nome ou alcunha popular para uma família tradicional de nossa cidade), surgiu destas viagens para comprar mercadorias, pois no seu retorno fazendo as feiras nas outras cidades que de fato cruzavam ao regressar para Pombal, no lombo do seu animal, os irmãos Felinto entravam nas cidades tocado e animando as feiras para atrair a sua freguesia, empunhando um instrumento de percussão, “o Pandeiro”; daí sempre que eles iam chegando fazendo aquela animação, o povo já gritava : - Lá vem os pandeiros, vamos ver! Pois é pegou mesmo! Uma outra característica estava na curvatura do dedo mínimo das mãos nos membros desta família, uma vez que todo “Pandeiro”, possui a terceira falange do dedo mínimo, bem curvada, disse Mariinha Santana.
Para melhor ilustrar, Antônio Felinto de Souza  irmão de Moreira nasceu no ano de 1897, e quando adulto casou-se com dona Deolinda(dona Dulú na intimidade), em 1924, esta era a mãe de Raimilson Felinto. Após o casamento foi morar na antiga Antenor Navarro, ou São João do Rio do Peixe – PB. No ano de 1931, Moreira mandou chamar o irmão para vir tocar também seus negócios aqui em nossa cidade, o que de imediato foi atendido. Em conversa com a filha de Antônio, Geny Alencar e posteriormente Marlucy e Marlene, suas irmãs, soube que Moreira era extremamente carinhoso com os irmãos e a prova de tudo isto, era o costume de abrir a loja, retirar seu paletó e o chapéu, e em seguida   passava a patente para um funcionário de maneira que pudesse fazer companhia ao irmão, duas lojas a pós a sua na rua Juarez Távora, 15. Sua loja de tecidos, sombrinhas, perfumaria e modas, localizada na mesma rua sob o número 19, foi um espaço de harmonia e respeito mútuo. Nesta loja homens como Gelmerez Santana de Sousa(in memória), que é irmão de Mariinha Santana, José Gomes Sobrinho e muitos outros, tiveram a oportunidade de trabalhar e prosperar aprendendo com seu mentor, Moreira. Agora faço conhecedor que Antônio casou uma segunda vez com a senhora  Francisca Linhares, mãe das meninas). Já Manoel Felinto (este quando criança brincando no engenho de propriedade de Sr Felinto(que viveu de 1866 até 06 de maio de 1948, conforme registro de óbito fornecido pelo amigo e escritor Washington Onias), teve parte da mão decepada, levando esta lembrança durante a sua vida, mas obvio, que não o impediu de superar os seus obstáculos construindo o seu patrimônio na vizinha cidade de Aparecida-PB.
Seu Moreira casou-se ao que tudo indica no segundo semestre do ano de 1924, pois o dia especifico no livro B-18, pag.49v, nº 107, do cartório de registro de pessoas Naturais do nosso amigo Marcos Tavares Formiga de Pombal-PB, apenas revela, que ele aos 23 anos com a jovem, Auta Sant’ana de Sousa com  22 anos (ela era filha do casal João e dona Maria Santana), esta lhe deu Maria do Socorro Moreira de Souza, que achou por bem homenagear por ocasião do nascimento da menina em 13 de janeiro de 1927, ao apelido do seu esposo ( Socorro anos mais tarde casou-se com Elry Medeiros, que foi um dos prefeitos de Pombal-PB, e em cuja administração instalou a eletricidade na nossa modesta cidade. Soube ainda que todos os filhos de Socorro herdaram o Moreira, que em nada tinha a ver com o nome real da família do Pai). Dona Auta Sant’Ana, no dia 06 de agosto de 1932, com 29 anos vitimada por um resguardo mal curado, partiu. Moreira então casou-se meses depois com sua cunhada e irmã caçula Anália Sant’Ana em 19 de janeiro de 1933 (data esta fornecida por sua sobrinha Mariinha, que hoje reside na cidade de Patos-PB). 
Em conversa com Mariinha, em sua residência, foi-me revelado que sua mãe sempre lembrava que Anália só casou nesta data porque ela havia nascido com saúde e não corria nenhum risco de morte, no dia anterior. Com Anália, Moreira educou os filhos: Herotides, João Santana e Assis Santana. Herotides era professora e lecionava varias disciplinas, dentre elas o francês no antigo Colégio Diocesano de Pombal, e relatos dos populares nas ruas lembram não só de sua beleza, mas também um compromisso firmado com o Cônego Gualberto, in memória, que na data auxiliava o Mons Oriel  na Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Mas como ele optou por permanecer em sua vida religiosa,foi transferido para a cidade de Cajazeiras-PB, e ela nunca casou. Zé Cleôncio filho de Afonso Mouta lembrou que em uma de suas aulas de Frances, a professora, que tinha fama de brava, chamou Antonio Queiroga(o magro gaiato da turma), e o mandou traduzir a seguinte frase: “Le Lion kirua Desanimo”, ele prontamente executou sua tradução dizendo: -“ Professora, O leão quis voar, desanimou!”, nisso ela o expulsou da classe imediatamente!  Assis Santana (formou-se em medicina e é médico ainda na ativa na cidade de Campina Grande), quanto a João Santana(in memória),  seu nome segundo Mariinha Santana, já estava escolhido, se chamaria Heronides, mas por nascer em dia de são João Batista, primo de Jesus, sua mãe muito religiosa que era, quis homenagear o santo profeta. O detalhe é que muitos começaram a chamá-lo de Heronides, e só deixaram quando foi necessário ao rapaz começar a trabalhar.
Dona Dorinha, uma sobrinha criada por Moreira e Anália, comentou: -“Moreira era um homem muito reto nos seus negócios, tinha palavra única e irrevogável, apontando sempre os melhores negócios aos membros de sua família, e por força disto era sempre ouvido pelos seus, e era querido pelos netos”.
Beca Bandeira, lembrou: -“O velho Moreira tinha um cachorrinho de estimação por nome Bacé, ele ficava no jardim e costumava estrumar o seu cachorro nos meninos. O bichinho só era pequeno, porém muito valente!” Um dia Beca subia pela calçada com seu irmão,na Rua Nova quando seu Moreira soltou Bacé e o irmão de Beca pegou a camisa e deu uma lapada no cachorro, nisso Moreira gritou com voz arrastada: -“ Não faça isso com Bacezinho não!
No mês de maio de 1960, vendeu a loja para José Gomes Sobrinho esposo de Mimosa (carinhosamente conhecida). E foi entre os anos de 1967 e 1968, que  Moreira mudou-se  com sua família, isso após Herotides comprar uma casa na Rua João Machado, na cidade de João Pessoa-PB, quando foi transferida para lecionar na capital do estado.*
                                                               * Carta de recomendação para Gelmerez, escrita pelo próprio Moreira.
José Gomes Sobrinho relembrou contente: - “Moreira me disse assim: -No fim do ano eu tenho uma proposta para você, topa ou não? Eu saltei e disse: -Topo! É prá Você me comprar a loja toda! Não poderia deixar outro tomar chegada para saber o que era. Além do mais, negócio com Moreira é sempre bom”! Agora depois eu comecei a pensar, nisso eu procurei ele, aí eu fui dizendo: - Dá certo não, eu compro a loja só se for agora, porque no fim do ano o senhor terá vendido tudo de melhor e vai ficar só o resto para mim. Dá certo assim? Nisso ele respondeu: -  Vá lá em casa na sexta-feira!” Nós morávamos por trás da casa de Moreira, que era na rua nova de fronte ao busto de Getúlio Vargas. Quando eu cheguei ele já estava no jardim, mandou eu entrar e me colocou na cabeça da mesa muito farta por sinal, me sentei! Começamos a comer aí eu disse: -“ Dá certo assim?” Indagou Moreira: - Dá certo como? Aí eu complementei minha proposta dizendo: - Dá certo seu Moreira desta maneira, eu compro a loja toda agora na confiança, pois eu não tenho dinheiro todo para o senhor. Dou o que tenho e assumo as parcelas, caso eu atrase, alguma, pago 2% de juro! Nisso ele disse: -Então está certo, quando for domingo você traga os seus funcionários e junto com os meus aí damos o balanço no estoque todo! Bom, nós começamos no domingo e terminamos na quinta-feira. Neste dia eu estava indo para casa, me chega Afonso Josias e comentou:-“ O povo está dizendo que Moreira te lascou! –Foi?! Agora é tarde! Por que não veio mais cedo?  Rapaz eu cheguei em casa triste, botei a chorar, a mulher fez um chá para mim, eu tomei, bateu um medo, mas apesar de tudo consegui dormi. Na sexta-feira muito cedo eu vim para a loja, que era na esquina, coloquei uma pessoa para avisar sobre a mudança da loja e a outra ainda pipada de tecido, eu comecei a trabalhar e foi ligeiro para cumprir com meus compromissos, paguei tudo, graças a Deus!. Por trás deste prédio era armazém de seu Nô Lopes( in memória, rescente), tempos depois eu comprei para aumentar o meu primeiro prédio. Pra quem  começou com uma banca rodeada de mercadoria na feira cheguei a custa de muito trabalho, e graças a Deus e ao apoio de Moreira, meu patrão!
O sogro de Moreira o senhor João, tinha por costume matar uma criação por semana, não tinha para vender, era para o consumo próprio, pois segundo Zé Gomes ele engordava os animais e ao chegar em média 30  ou 40Kg fazia o trato para a família consumir. Pois bem após o abate ele espichava o couro a capricho, que nada mais é que salgar toda a pele do animal e estender esta couraça sobre as pontas das varas que mantinham o couro estiradinho, seco e fino  aponto de facilitar o enrolar da matéria-prima para diversos serviços como: sandálias, assento de tamboretes, cadeiras Luiz XV etc. Isto também fez parte dos negocias de seu Zé Gomes!
Moreira partiu após um ataque cardíaco no seu leito, na cidade de João Pessoa-PB. Foi encontrado caído junto da cama pela esposa e companheira de toda uma vida.
Ao amigo Moreira o nosso muito obrigado, deixaste uma marca impressa na história deste solo pombalense, contribuindo para o progresso deste povo a partir de seus exemplos de honestidade e amizade, respeito e tradição familiar passado para os seus. Que o Deus da vida o conceda a recompensa e também a sua paz.
Texto Paulo Sérgio, <www.contandosaudade.com.br>

7 comentários:

  1. Meu querido amigo Paulo Sérgio,

    Apresento as minhas congratulações pelo excelente trabalho aqui apresentado.
    Parabéns por reconstruir a história da nossa gente, e, em particular, do meu povo.
    O Felinto de Souza Filho (Moreira) era primo de minha avó materna Maria Beata de Sousa.
    Obrigado por este legado, que, certamente, reverberará por muitas gerações.

    Parabéns!

    Washington Onias Alves

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  2. CARO AMIGO PAULO SÉRGIO MEUS SINCEROS PARABÉNS PELOBRILHANTE TRABALHO TÃO BEM ELABORADO.

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    1. CARO AMIGO CONTINUE SEMPRE ASSIM COM ESSE BEL TRABALHO RESGANDO AS HISTÓRIAS DO PASSADO COM BOAS LEMBRANÇAS.

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    2. E COM MUITA SATIFAÇAO CONHECI ESTA HISTORIA LINDA DOS MEUS FAMILIARES

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  3. Sou bisneto do Sr Felinto de Souza Filho (saudoso vovô Moreira). Agradeço a homenagem prestada, em nome de minha família.

    Elry Medeiros Vieira Neto

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  4. Olá meu nome é André Felismino Santana da Silva. Gostei muito dessa publicação e se possível gostaria de saber se você tem algumas informações sobre a origem do sobre nome Santana e quais as relações que tem com a cidade de pombal. Meu avô me disse que o pai dele era da cidade de pombal e se chamava João santana da Silva. Desde já agradeço e parabéns por esse artigo.

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  5. Olá sou paraense e o nome do meu avô paterno era Luis Moreira de sousa da minha vó efrosina Nunes de sousa
    Será que você pode me ajudar a char alguém dessa família?

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