Na
cidade de Pombal, precisamente no sítio Navios, hoje município de São Domingos
de Pombal-PB, cuja propriedade na atualidade é de Dr.Valdemir Josias, nasceu
Felinto, vulgo Moreira, tudo isso pelo simples fato do seu padrinho de batismo
ter por sobrenome Moreira( me foi revelado por Dr. Assis), e assim sendo o terceiro
filho do casal Felinto Martins de Sousa e dona Santina do Santíssimo
Sacramento, recebeu tal alcunha (era muito forte a presença do padrinho na vida
das crianças naquela época). Moreira tinha por irmãos: João Felinto, Antônio
Felinto Joaquim Felinto, Fortunata de Jesus, Severino Felinto, Maria Felinto e
Manoel Felinto.
O
amigo Moreira, estudou até o 4º ano primário, o normal para muitos naquela
época, mas apesar de seu pouco estudo foi comerciante em nossa Pombal desde muito
jovem. Fazia suas compras em Recife-PE, sempre a cavalo, ia para Campina
Grande, de onde pegavam um trem com destino a
capital Pernambucana. Foi através
de Moreira, que Geny Alencar descobriu que o termo “Pandeiros” (nome ou
alcunha popular para uma família tradicional de nossa cidade), surgiu destas viagens
para comprar mercadorias, pois no seu retorno fazendo as feiras nas outras
cidades que de fato cruzavam ao regressar para Pombal, no lombo do seu animal, os
irmãos Felinto entravam nas cidades tocado e animando as feiras para atrair a
sua freguesia, empunhando um instrumento de percussão, “o Pandeiro”; daí sempre
que eles iam chegando fazendo aquela animação, o povo já gritava : - Lá vem os
pandeiros, vamos ver! Pois é pegou mesmo! Uma outra característica estava na
curvatura do dedo mínimo das mãos nos membros desta família, uma vez que todo “Pandeiro”,
possui a terceira falange do dedo mínimo, bem curvada, disse Mariinha Santana.
Para melhor ilustrar, Antônio Felinto
de Souza irmão de Moreira nasceu no ano
de 1897, e quando adulto casou-se com dona Deolinda(dona Dulú na intimidade), em 1924, esta era a
mãe de Raimilson Felinto. Após o casamento foi morar na antiga Antenor Navarro,
ou São João do Rio do Peixe – PB. No ano de 1931, Moreira mandou chamar o irmão
para vir tocar também seus negócios aqui em nossa cidade, o que de imediato foi
atendido. Em conversa com a filha de Antônio, Geny Alencar e posteriormente
Marlucy e Marlene, suas irmãs, soube que Moreira era extremamente carinhoso com
os irmãos e a prova de tudo isto, era o costume de abrir a loja, retirar seu
paletó e o chapéu, e em seguida passava
a patente para um funcionário de maneira que pudesse fazer companhia ao irmão,
duas lojas a pós a sua na rua Juarez Távora, 15. Sua loja de tecidos,
sombrinhas, perfumaria e modas, localizada na mesma rua sob o número 19, foi um
espaço de harmonia e respeito mútuo. Nesta loja homens como Gelmerez Santana de
Sousa(in memória), que é irmão de Mariinha Santana, José Gomes Sobrinho e muitos
outros, tiveram a oportunidade de trabalhar e prosperar aprendendo com seu
mentor, Moreira. Agora faço conhecedor que Antônio casou uma segunda vez com a
senhora Francisca Linhares, mãe das
meninas). Já Manoel Felinto (este quando criança brincando no engenho de
propriedade de Sr Felinto(que viveu de 1866 até 06 de maio de 1948, conforme
registro de óbito fornecido pelo amigo e escritor Washington Onias), teve parte
da mão decepada, levando esta lembrança durante a sua vida, mas obvio, que não
o impediu de superar os seus obstáculos construindo o seu patrimônio na vizinha
cidade de Aparecida-PB.
Seu
Moreira casou-se ao que tudo indica no segundo semestre do ano de 1924, pois o
dia especifico no livro B-18, pag.49v, nº 107, do cartório de registro de pessoas
Naturais do nosso amigo Marcos Tavares Formiga de Pombal-PB, apenas revela, que
ele aos 23 anos com a jovem, Auta Sant’ana de Sousa com 22 anos (ela era filha do casal João e dona
Maria Santana), esta lhe deu Maria do Socorro Moreira de Souza, que achou por bem homenagear por ocasião do
nascimento da menina em 13 de janeiro de 1927, ao apelido do seu esposo (
Socorro anos mais tarde casou-se com Elry Medeiros, que foi um dos prefeitos de
Pombal-PB, e em cuja administração instalou a eletricidade na nossa modesta
cidade. Soube ainda que todos os filhos de Socorro herdaram o Moreira, que em
nada tinha a ver com o nome real da família do Pai). Dona Auta Sant’Ana, no dia
06 de agosto de 1932, com 29 anos vitimada por um resguardo mal curado, partiu.
Moreira então casou-se meses depois com sua cunhada e irmã caçula Anália
Sant’Ana em 19 de janeiro de 1933 (data esta fornecida por sua sobrinha
Mariinha, que hoje reside na cidade de Patos-PB).
Em conversa com Mariinha, em
sua residência, foi-me revelado que sua mãe sempre lembrava que Anália só casou
nesta data porque ela havia nascido com saúde e não corria nenhum risco de
morte, no dia anterior. Com Anália, Moreira educou os filhos: Herotides, João
Santana e Assis Santana. Herotides era professora
e lecionava varias disciplinas, dentre elas o francês no antigo Colégio
Diocesano de Pombal, e relatos dos populares nas ruas lembram não só de sua
beleza, mas também um compromisso firmado com o Cônego Gualberto, in memória, que
na data auxiliava o Mons Oriel na
Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Mas como ele optou por permanecer em
sua vida religiosa,foi transferido para a cidade de Cajazeiras-PB, e ela nunca
casou. Zé Cleôncio filho de Afonso Mouta lembrou que em uma de suas aulas de
Frances, a professora, que tinha fama de brava, chamou Antonio Queiroga(o magro
gaiato da turma), e o mandou traduzir a seguinte frase: “Le Lion kirua Desanimo”, ele prontamente executou sua tradução dizendo:
-“ Professora, O leão quis voar, desanimou!”, nisso ela o expulsou da classe imediatamente! Assis Santana (formou-se em medicina e é médico
ainda na ativa na cidade de Campina Grande), quanto a João Santana(in memória),
seu nome segundo Mariinha Santana, já estava
escolhido, se chamaria Heronides, mas por nascer em dia de são João Batista,
primo de Jesus, sua mãe muito religiosa que era, quis homenagear o santo
profeta. O detalhe é que muitos começaram a chamá-lo de Heronides, e só
deixaram quando foi necessário ao rapaz começar a trabalhar.
Dona Dorinha,
uma sobrinha criada por Moreira e Anália, comentou: -“Moreira era um homem
muito reto nos seus negócios, tinha palavra única e irrevogável, apontando
sempre os melhores negócios aos membros de sua família, e por força disto era
sempre ouvido pelos seus, e era querido pelos netos”.
Beca
Bandeira, lembrou: -“O velho Moreira tinha
um cachorrinho de estimação por nome Bacé, ele ficava no jardim e costumava estrumar
o seu cachorro nos meninos. O bichinho só era pequeno, porém muito valente!”
Um dia Beca subia pela calçada com seu irmão,na Rua Nova quando seu Moreira
soltou Bacé e o irmão de Beca pegou a camisa e deu uma lapada no cachorro,
nisso Moreira gritou com voz arrastada: -“ Não faça isso com Bacezinho não!
No
mês de maio de 1960, vendeu a loja para José Gomes Sobrinho esposo de Mimosa
(carinhosamente conhecida). E foi entre os anos de 1967 e 1968, que Moreira mudou-se com sua família, isso após Herotides comprar
uma casa na Rua João Machado, na cidade de João Pessoa-PB, quando foi
transferida para lecionar na capital do estado.*
* Carta de recomendação para Gelmerez, escrita pelo próprio Moreira.
José Gomes Sobrinho relembrou contente: - “Moreira me disse assim: -No fim do ano eu tenho uma proposta para você, topa ou não? Eu saltei e disse: -Topo! É prá Você me comprar a loja toda! Não poderia deixar outro tomar chegada para saber o que era. Além do mais, negócio com Moreira é sempre bom”! Agora depois eu comecei a pensar, nisso eu procurei ele, aí eu fui dizendo: - Dá certo não, eu compro a loja só se for agora, porque no fim do ano o senhor terá vendido tudo de melhor e vai ficar só o resto para mim. Dá certo assim? Nisso ele respondeu: - Vá lá em casa na sexta-feira!” Nós morávamos por trás da casa de Moreira, que era na rua nova de fronte ao busto de Getúlio Vargas. Quando eu cheguei ele já estava no jardim, mandou eu entrar e me colocou na cabeça da mesa muito farta por sinal, me sentei! Começamos a comer aí eu disse: -“ Dá certo assim?” Indagou Moreira: - Dá certo como? Aí eu complementei minha proposta dizendo: - Dá certo seu Moreira desta maneira, eu compro a loja toda agora na confiança, pois eu não tenho dinheiro todo para o senhor. Dou o que tenho e assumo as parcelas, caso eu atrase, alguma, pago 2% de juro! Nisso ele disse: -Então está certo, quando for domingo você traga os seus funcionários e junto com os meus aí damos o balanço no estoque todo! Bom, nós começamos no domingo e terminamos na quinta-feira. Neste dia eu estava indo para casa, me chega Afonso Josias e comentou:-“ O povo está dizendo que Moreira te lascou! –Foi?! Agora é tarde! Por que não veio mais cedo? Rapaz eu cheguei em casa triste, botei a chorar, a mulher fez um chá para mim, eu tomei, bateu um medo, mas apesar de tudo consegui dormi. Na sexta-feira muito cedo eu vim para a loja, que era na esquina, coloquei uma pessoa para avisar sobre a mudança da loja e a outra ainda pipada de tecido, eu comecei a trabalhar e foi ligeiro para cumprir com meus compromissos, paguei tudo, graças a Deus!. Por trás deste prédio era armazém de seu Nô Lopes( in memória, rescente), tempos depois eu comprei para aumentar o meu primeiro prédio. Pra quem começou com uma banca rodeada de mercadoria na feira cheguei a custa de muito trabalho, e graças a Deus e ao apoio de Moreira, meu patrão!
José Gomes Sobrinho relembrou contente: - “Moreira me disse assim: -No fim do ano eu tenho uma proposta para você, topa ou não? Eu saltei e disse: -Topo! É prá Você me comprar a loja toda! Não poderia deixar outro tomar chegada para saber o que era. Além do mais, negócio com Moreira é sempre bom”! Agora depois eu comecei a pensar, nisso eu procurei ele, aí eu fui dizendo: - Dá certo não, eu compro a loja só se for agora, porque no fim do ano o senhor terá vendido tudo de melhor e vai ficar só o resto para mim. Dá certo assim? Nisso ele respondeu: - Vá lá em casa na sexta-feira!” Nós morávamos por trás da casa de Moreira, que era na rua nova de fronte ao busto de Getúlio Vargas. Quando eu cheguei ele já estava no jardim, mandou eu entrar e me colocou na cabeça da mesa muito farta por sinal, me sentei! Começamos a comer aí eu disse: -“ Dá certo assim?” Indagou Moreira: - Dá certo como? Aí eu complementei minha proposta dizendo: - Dá certo seu Moreira desta maneira, eu compro a loja toda agora na confiança, pois eu não tenho dinheiro todo para o senhor. Dou o que tenho e assumo as parcelas, caso eu atrase, alguma, pago 2% de juro! Nisso ele disse: -Então está certo, quando for domingo você traga os seus funcionários e junto com os meus aí damos o balanço no estoque todo! Bom, nós começamos no domingo e terminamos na quinta-feira. Neste dia eu estava indo para casa, me chega Afonso Josias e comentou:-“ O povo está dizendo que Moreira te lascou! –Foi?! Agora é tarde! Por que não veio mais cedo? Rapaz eu cheguei em casa triste, botei a chorar, a mulher fez um chá para mim, eu tomei, bateu um medo, mas apesar de tudo consegui dormi. Na sexta-feira muito cedo eu vim para a loja, que era na esquina, coloquei uma pessoa para avisar sobre a mudança da loja e a outra ainda pipada de tecido, eu comecei a trabalhar e foi ligeiro para cumprir com meus compromissos, paguei tudo, graças a Deus!. Por trás deste prédio era armazém de seu Nô Lopes( in memória, rescente), tempos depois eu comprei para aumentar o meu primeiro prédio. Pra quem começou com uma banca rodeada de mercadoria na feira cheguei a custa de muito trabalho, e graças a Deus e ao apoio de Moreira, meu patrão!
O
sogro de Moreira o senhor João, tinha por costume matar uma criação por semana,
não tinha para vender, era para o consumo próprio, pois segundo Zé Gomes ele
engordava os animais e ao chegar em média 30
ou 40Kg fazia o trato para a família consumir. Pois bem após o abate ele
espichava o couro a capricho, que nada mais é que salgar toda a pele do animal e
estender esta couraça sobre as pontas das varas que mantinham o couro
estiradinho, seco e fino aponto de
facilitar o enrolar da matéria-prima para diversos serviços como: sandálias,
assento de tamboretes, cadeiras Luiz XV etc. Isto também fez parte dos negocias
de seu Zé Gomes!
Moreira
partiu após um ataque cardíaco no seu leito, na cidade de João Pessoa-PB. Foi
encontrado caído junto da cama pela esposa e companheira de toda uma vida.
Ao
amigo Moreira o nosso muito obrigado, deixaste uma marca impressa na história
deste solo pombalense, contribuindo para o progresso deste povo a partir de
seus exemplos de honestidade e amizade, respeito e tradição familiar passado
para os seus. Que o Deus da vida o conceda a recompensa e também a sua paz.
Texto
Paulo Sérgio, <www.contandosaudade.com.br>
Meu querido amigo Paulo Sérgio,
ResponderExcluirApresento as minhas congratulações pelo excelente trabalho aqui apresentado.
Parabéns por reconstruir a história da nossa gente, e, em particular, do meu povo.
O Felinto de Souza Filho (Moreira) era primo de minha avó materna Maria Beata de Sousa.
Obrigado por este legado, que, certamente, reverberará por muitas gerações.
Parabéns!
Washington Onias Alves
CARO AMIGO PAULO SÉRGIO MEUS SINCEROS PARABÉNS PELOBRILHANTE TRABALHO TÃO BEM ELABORADO.
ResponderExcluirCARO AMIGO CONTINUE SEMPRE ASSIM COM ESSE BEL TRABALHO RESGANDO AS HISTÓRIAS DO PASSADO COM BOAS LEMBRANÇAS.
ExcluirE COM MUITA SATIFAÇAO CONHECI ESTA HISTORIA LINDA DOS MEUS FAMILIARES
ExcluirSou bisneto do Sr Felinto de Souza Filho (saudoso vovô Moreira). Agradeço a homenagem prestada, em nome de minha família.
ResponderExcluirElry Medeiros Vieira Neto
Olá meu nome é André Felismino Santana da Silva. Gostei muito dessa publicação e se possível gostaria de saber se você tem algumas informações sobre a origem do sobre nome Santana e quais as relações que tem com a cidade de pombal. Meu avô me disse que o pai dele era da cidade de pombal e se chamava João santana da Silva. Desde já agradeço e parabéns por esse artigo.
ResponderExcluirOlá sou paraense e o nome do meu avô paterno era Luis Moreira de sousa da minha vó efrosina Nunes de sousa
ResponderExcluirSerá que você pode me ajudar a char alguém dessa família?