Belarmino Fernandes de França, 26 de dezembro de 1894 a 20 de março de 1982
Belarmino de França, poeta popular, nasceu na cidade de Pombal-PB, mais precisamente no sítio Várzea da Serra no antigo distrito de Paulista (o qual foi elevada a categoria de cidade em 1961. Era filho de Vicente Manoel de França e Maria Benvinda Fernandes.
Seu Belo, como também era conhecido, teve seu ensino fundamental em uma escola rudimentar, que freqüentou apenas quarenta e cinco dias, o suficiente para instigar sua grande sabedoria. Mas, o que verificamos, é que, aliado a sua privilegiada inteligência, sua verdadeira escola foi os caminhos dos sertões, a lida na fazenda Várzea da Serra, de cujo solo, água represada, a bonança dos invernos ou a vivenciando os causticantes anos de seca, entre os “elementos naturais da natureza”, ele retirava seus próprios frutos e a subsistência da sua grande família.
Contraiu núpcias no dia 22 de outubro de 1922, com Emerentina Dantas de Sousa, cujo enlace matrimonial nasceram os seguintes filhos: Federalino, Rita, Benigno, Almira, Alzira, Maria, Padre Solon, Raimundo (Doca) e Benedito Dantas de França. A exceção de padre Solon, todos os filhos viviam da agropecuária, em diferentes propriedades do município de Paulista-PB.
Quando idoso, dizia: “Já me considero velho para a lembrança dos moços. O mundo de vocês, não foi o meu. O meu, foi diferente, com cheiro gostoso do café torrado em casa, balidos de ovelhas, cururu cantando nas lagoas, romãs cor-de-rosa, e um alvorecer serenado, orvalhando flores. Meus amores foram muitos, para só ficar um... Às vezes, de olhos cerrados, medito a vida. E na cabeça dos serrotes, cumprimento as lagartixas... E piso o chão que me viu nascer, apanhando gafanhotos e borboletas amarelas. Amarelas e irisadas, grandes e pequenas. Como tudo fica longe, sinuosamente evocativo”.
O poeta faleceu na terra em que nasceu.
A verdade é que, entre a beleza da serra e a quietude da então povoação, vila e depois cidade de Paulista, viveu o poeta Belarmino de França, sempre alegre e de bem com a vida, improvisando versos e repentes que representava os gritos da sua alma, a memória do seu povo, o ardente amor à natureza, o cotidiano da vida sertaneja, tudo inspirado, cantado e decantado em versos e prosas, legado que ficará para sempre na memória dos amantes da poesia popular nordestina. Belarmino Fernandes de França, assim como Leandro Gomes de Barros, são filhos que orgulham as cidades de Pombal e Paulista, terras dos grandes poetas.
Entre a beleza da serra e a quietude da vila de Paulista, viveu ali o poeta, sempre alegre e bem, improvisando versos, que representam os gritos da sua alma em contato com a própria natureza.
QUANTO É GRANDE O PODER DA NATUREZA
Deus eterno divino e poderoso
Fez o céu, as estrelas, terra e mar
Fez o sol para tudo iluminar
Com seu brilho perene e majestoso
No espaço infinito grandioso
Aos corpos celestes deu clareza
Fez o homem composto de fraqueza
sujeito a morte, a culpa e ao engano’
Tanto é baixo o valor do ser humano
Quanto é grande o poder da natureza..
II
Jeová com sua própria mão
Juntou o limo da terra e amassou
Ë depois sobre ele bafejou
Deu-lhe vida, sentido e perfeição
E dizendo: levanta-te Adão
Este ali levantou-se com presteza
O qual vindo de Deus tanta grandeza
Foi prostrasse aos seus pés humildemente
Eis um pouco de barro feito gente
Pela mão do amor da natureza.
III
Ora, o homem trabalha e luta tanto,
Para fazer uma causa diminuta
Porém, nada fará só com a luta
Se não vir-lhe o precioso de alguém
Mas Deus Pai, com seu vasto poder santo
Como fonte Infinita de grandeza
Prá encher o Universo de beleza
Não precisa de nenhum material
Basta ali o seu mistério divinal
Prá provar quanto é grande a natureza..
IV
E se o homem fabricou o avião
Fez o barco com arte e aparato
O automóvel o rádio e o jato
Os raros X e a tal televisão,
Mas, não faz um caroço de feijão
Natural com a mesma realeza
Que plantado e chovendo com franqueza
Germina, enraíza, enfolha e cresce
Flora e novas sementes nos fornece
Quanto é grande o poder da natureza!
Deus eterno divino e poderoso
Fez o céu, as estrelas, terra e mar
Fez o sol para tudo iluminar
Com seu brilho perene e majestoso
No espaço infinito grandioso
Aos corpos celestes deu clareza
Fez o homem composto de fraqueza
sujeito a morte, a culpa e ao engano’
Tanto é baixo o valor do ser humano
Quanto é grande o poder da natureza..
II
Jeová com sua própria mão
Juntou o limo da terra e amassou
Ë depois sobre ele bafejou
Deu-lhe vida, sentido e perfeição
E dizendo: levanta-te Adão
Este ali levantou-se com presteza
O qual vindo de Deus tanta grandeza
Foi prostrasse aos seus pés humildemente
Eis um pouco de barro feito gente
Pela mão do amor da natureza.
III
Ora, o homem trabalha e luta tanto,
Para fazer uma causa diminuta
Porém, nada fará só com a luta
Se não vir-lhe o precioso de alguém
Mas Deus Pai, com seu vasto poder santo
Como fonte Infinita de grandeza
Prá encher o Universo de beleza
Não precisa de nenhum material
Basta ali o seu mistério divinal
Prá provar quanto é grande a natureza..
IV
E se o homem fabricou o avião
Fez o barco com arte e aparato
O automóvel o rádio e o jato
Os raros X e a tal televisão,
Mas, não faz um caroço de feijão
Natural com a mesma realeza
Que plantado e chovendo com franqueza
Germina, enraíza, enfolha e cresce
Flora e novas sementes nos fornece
Quanto é grande o poder da natureza!
Impossível transcrever tudo. Aqui já se tem uma amostra do seu talento poético nunca inferior ao que o antecederam, através dos versos nos quais se denota até certo sentido filosófico.
Visitando em 1958, a cidade vizinha de Patos, depois de trinta e um anos que ali estivera, achando tudo transformado, Compôs o seguinte poema em sexti1has:
Patos, cidade imponente
Do sertão és a Princesa
Por teu majestoso porte
Revestido de beleza
Parece até que a teus pés
Vem curvar-se a natureza
A contempla-te a grandeza
Surge o sol no horizonte
E a lua branca e formosa
Nívea, casta, sem desconte
Com sua luz prateada;
Vem coroar tua fronte.
Te banhas na mesma fonte
Que emana da cordilheira
Onde rufava o pandeiro
Inácio da Catingueira
Com os acordes da lira
Do Romano do Teixeira..
A ti, cidade altaneira
Quis compor uma epopéia
Por teu gênio literário
Estilo clássico e idéia
És Atenas transportada
As terras da Filipéia.
De Salamina e Platéa
Regiões da Grécia antiga
Tu tens os mesmos costumes
Porém, tu és mais amiga
Aqui o burguês diverte-se
E o forasteiro se abriga.
Se a seca te castiga
Com seu calor causticante
Mas natural permite
Que tu sejas triunfante
E com os louros da vitória
Te tornes mais elegante.
Tu és cidade imponente
Desígnio de Jeová
Cada vez que penso
Me
Os ecos de Josué
E a música de Pirauã.
O teu nome sempre está
Gravado em minha lembrança
Porém de mim para ti
Existe grande mudança
Meus dias vão de regresso
Porém, teu progresso avança...
Eu inda quase criança
Te vi na adolescência
Hoje, está na juventude
Onde fazes permanência.
Enquanto eu transponho os agros
Caminhos da existência.
Deus assume a Providência
Te fez privilegiada
Pois, uns trinta anos antes
Tu eras um quase nada
E num lapso de tempo
Quanto ficaste elevada
A leste tu és banhada
Pelo saudoso Espinharas
Que abastece os teus filhos
Com águas límpidas e cidras
E vai unir-se ao Piranhas
Na terra dos Potiguares.
As tuas produções raras
Também merecem menção
Produzes bem a batata,
Milho, jerimu, arroz e feijão
Mandioca e algodão.
Certa feita, um seu vizinho estava sendo prejudicado por uma raposa- que além, de devorar, algumas melancias, passou a come-lhe as galinhas. Depois de várias tentativas para exterminar o animal ferino, sem vantagem alguma, resolveu armar um laço, o que lhe deu ótimo resultado: o bicho amanheceu pendurado, no momento em que chega Belarmino e é solicitado para fazer uma gloza, com o seguinte mote;
“Tiveste a sorte de Judas”.
-- Eras tu que vivias
Roubando na roça alheia
Com a barriguinha cheia
De melão e melancia...
Mas hoje chegou teu dia
É, para que não te iludas,
Sofreste as dores agudas
Em paga de tudo isto,
Mesmo sem venderes Cristo
Tiveste a sorte de Judas!”
-- Eras tu que vivias
Roubando na roça alheia
Com a barriguinha cheia
De melão e melancia...
Mas hoje chegou teu dia
É, para que não te iludas,
Sofreste as dores agudas
Em paga de tudo isto,
Mesmo sem venderes Cristo
Tiveste a sorte de Judas!”
A Belarmino de Franca(Seu Belo), rei dos versos e do repente nordestinos, e pelos serviços prestados a nossa Pombal, muito obrigado! Seus feitos foram aceitos e ouvidos por todas as classes sociais desta região, que Deus o recompense e te conceda a Paz!
Texto Verneck Abrantes
A POESIA PRODUZIDA NO NORDESTE É MAIOR QUE A GEOPOLÍTICA E A DIVISÃO EXISTENTE HOJE, ENTRE O POVO BRASILEIRO.
ResponderExcluirMAIOR QUE O CONFLITO ENTRE CLASSES.
MUITO OBRIGADO
valminevesbolconte@gmail.com