quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Raimundo Ferreira de Queiroga, 03 de Junho de 1896 a 03 de fevereiro de 1978



Raimundo Queiroga era filho natural de Sousa-PB, nasceu no Sítio Aba da Serra naquele município, e depois de um tempo veio morar em Pombal. Seus pais era casal Vicente Queiroga e Luiza, eles deram ao filho a oportunidade de estudar com aulas particulares, mas na época não demonstrou muito interesse, aprendendo apenas a escrever o seu nome e ler alguma coisa, e foi aperfeiçoando sua leitura ao longo da vida, pois seu forte mesmo naquele momento era o trabalho.
            Era um homem de vistosa presença e prosa agradável, como um légitimo nordestino gostava de desfrutar da companhia de belas damas, a quem muito cortejou.
            Aos 18 de junho de 1918, se apaixonou e logo contraiu matrimônio com a jovem Sancha Queiroga de Alencar (nascida em 12 de junho de 1900),  e juntos tiveram 8 filhos: Possidônio Queiroga, Auzeni (Mãe de Zé Willames), José Queiroga (Zé Queiroga), João Queiroga, Sebastião (vulgo Natal pai de Dr. Ademir), Antônio (que nasceu em 1930, e é o pai de Dr. André), Luizinha Queiroga e Francisco(na intimidade Nêgo Sargas, pois não havia quem o segurasse estando ele com uma bola nos pés).
            Raimundo trabalhou toda sua vida na agricultura e no comercio de algodão e oiticica (grandes fontes de lucros nesta época, pois da oiticica era extraído o óleo para a fabricação de tinta automotiva. Me contou seu Eufrásio, um antigo funcionário da Brasil Oiticica, que a duração média de secagem dessa tinta era de até três dias, o carro era pintado e guardado dentro de um galpão até que secasse! E também do algodão era extraído o óleo e produzido  tecido).
Possuía um forte desejo em seu coração, e por isso ele dizia: - `` Meus filhos já estão estudando em escola paga, vou doar terrenos para que o pobre tenha aonde estudar``! Com isso proporciou aos filhos dos pequenos agricultores da região a oportunidade de estudo.  Muitos não sabem e outros tantos podem até saber e já esqueceram, que foi o senhor Raimundo Queiroga quem doou os terrenos do Antigo colégio Diocesano (construído pelo Pe. Vicente Freitas), O Colégio Josué Bezerra( construído por Josué Bezerra, que angariou comissões junto aos amigos), o terreno para novo prédio da Escola João da Mata( que foi vendido no governo de Francisco Pereira Vieira para o governo do estado da Paraíba, e hoje Hospital Regional de Pombal, HRP). Foi doação sua também o terreno para a formação do Campo Florestal, era um uma espécie de jardim botânico, nesta data zelado por Otavio Sinfrônio, que aos domingos abria ao publico, mas tudo foi devastado numa enchente, restando até hoje alguns pés de ciriguela. No seu espaço o Dr. Azuil construiu a lavanderia publica e no restante ergueu o parque de vaquejada, mas na hora de pedir para Raimundo assinar concordando com a construção do citado parque, ouviu a sua recusa, pois ele repetiu varias vezes que não havia doado para este fim e sim para o campo florestal, gerando muito descontentamento por parte de alguns.
            Luizinha sua filha revelou que o pai tinha por habito se sentar em uma velha cadeira de balanço na porta do Grande Hotel e aos poucos os amigos iam se aproximando para palestrar ou dizer anedotas que era o seu forte! Depois da prosa terminada na rua era hora do almoço e lá ia ele com os companheiros para sua casa, ao avistar lá longe o marido dona Sancha exclamava: - `` Lá vem Nô com os velhos dele ``! Entrava e já ia gritando em bom tom: -`` Comadre Maria (era uma senhora que morava com a família), ponha mais água no feijão!`` Aquela era senha para anunciar que tinha mais algumas pessoas para ceiar com eles.
Sua amizade se converteu em prestação de serviços, pois providenciou para que muitos filhos desta terra de Maringá no bairro Nova Vida, principalmente, fossem aposentados ou encostados, conforme a necessidade do momento.
            O senhor Zé Izaque( funcionário de Possidônio Assis há mais de trinta anos), lembra que por volta de 1950, era jovenzinho quando Raimundo vinha do Sítio Pai Sandú, e si de longe o avistava, corria com seus irmãos menores para a estrada e ficava esperando ele passar só para ver a charrete de cabina de madeira e bancos bem forrados, na frente, dois cavalos grandes e bonitos sempre acompanhado pelo cocheiro. Disse ele: - `` eu corria para ver a charrete, pois achava bonita demais, depois ele comprou um jipe, as coisas estavam ficando modernas, mais me lembro bem da velha charrete!``  
             Queiroga, possuía também o hábito de ler jornal, como citei no inicio, aperfeiçoou a sua leitura aos poucos tornando-a cada vez mais frequente. Além do jornal impresso era assinante da revista sulamérica, se mantinha sempre por dentro das noticias.
Raimundo tinha suas fraquezas, era humano como qualquer outro ser, mas era amigo e trabalhador. Devido a sua vida simples de trabalhador na zona rural e permanência em casas de taipas, certamente facilitou para que adquirisse a doença de Chagas, e aos 81 anos coração frágil, após um enfarto partiu.
A Raimundo Queiroga, o meu muito obrigado, por sua generosidade. A educação desta cidade te deve muito, pois a partir do teu gesto de partilha abristes as portas para alfabetizar tantas mentes brilhantes desta terra. Elas tiveram a oportunidade de lutar e hoje serem reconhecidas, nos mais variados segmentos sociais, mas a tua ajuda impulcionou bastante o progresso da nossa Pombal-PB. Que Deus te dê a sua recompensa e te conceda a paz.
                                                                          Texto, Paulo Sério

2 comentários:

  1. Olá!
    Sou tataraneta do Sr. Raimundo Ferreira de Queiroga, Bisneta do Sr. João Ferreira Barbosa e neta do Sr.Albertino Barbosa Queiroga
    Vc possui mais informações a respeito da família?
    Meu contato: ellenqueiroga@hotmail.com

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  2. O nome da rua que moro se chama Rua Possidônio Ferreira Queiroga

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