domingo, 9 de outubro de 2011

Francisco de Sá Cavalcanti, 18 de junho de 1896 a 20 de fevereiro de 1968

        Nascido em território sousense seu Sá, na intimidade, era filho do casal Joaquim Dantas Cavalcanti e Joaquina de Sá Benevides. Quanto aos seus estudos não obtive registros, mas obviamente recebeu aulas particulares em virtude de seu pai ter boas condições financeiras. Veio para Pombal acompanhado de sua irmã Sinhazinha(esta era professora e não casou-se), no ano de 1921  .
Em 24 de julho de 1923  ou 1924, tomou por esposa a jovem Raimunda Queiroga de Sá na data com 14 anos, e deste enlace nasceram os filhos: Albaniza(in memória), Alba-Rosa (in memória, ao que consta era a mais danada no ramo político, pois vestia a camisa para defender os interesses da administração do pai, e chegou até a administrar a prefeitura de Pombal por um curto período de 10 dias. Foi funcionária do 2º  cartório de propriedade do seu tio Avelino Queiroga), ainda Albérico (in memória), Albiner, Alda(in memória), Albânia e Alberuza.
Homem decente, projetista e dono de uma visão de futuro foi nomeado em 1927 subprefeito e em 1928 elevado para o cargo de Prefeito, que Antônio José de Sousa cita nestes termos em sua Obra A Grande Pombal: `` instalou a Usina da Luz de Pombal, a qual era tida como, naquele tempo, a melhor instalação do gênero, existente no interior do Estado``. (A Grande Pombal, 1971, pag.75. Gráfica Comercial).
Wilson Seixas no livro O Velho Arraial de Piranhas, diz a seu respeito: ``Foi o sr. Francisco de Sá Cavalcanti, um dos mais dinâmicos Prefeitos do município de Pombal. Foi durante sua gestão que, pela lei nº03 de 23 de junho de 1936, criou-se o código de postura que ainda vigora com ligeiras modificações.``(O Velho Arraial de Piranhas, 2004,Pag.324, 2º Edição Ampliada e Revisada, Editora Grafset ).
Em 1930 estourou a revolução no estado (uma campanha contra o presidente do Estado, o famoso João Pessoa), liderados pelo Cel. José Pereira de Lima, em Princesa. Todos esse fatos concorreram para num futuro próximo abrir as portas para uma nova perspectiva política, uma vez que foi neste período, que as mulheres tiveram participação pelo voto na Constituite Nacional de 04 de maio de 1933( Vernek Abrantes no livro A Trajetória política de Pombal, 1999, Pag.70, Editora INNPRELL) e foi Seu Sá, o primeiro prefeito eleito constitucionalmente e com a participação feminina, em virtude da sua reputação de bom administrador! Vencendo por 19 votos o seu Adversário, nas eleições de 09 de setembro de 1935.
 Segundo Antonio José de Sousa (que foi secretário na administração de seu Sá), não satisfeitos com os resultados das cédulas amareladas, seus adversários foram até as últimas instancias do judiciário eleitoral, e foi o Supremo quem concedeu vitória a Francisco de Sá Cavalcanti do Partido Autonomista de Pombal,  que teve por coligados decisivos, o bloco político de Malta, Paulista e Lagoa(na época distritos do município de Pombal), além da força política de Dr. José Queiroga, José Avelino, Os Assis e os Bezerra.
Um trecho da música de sua campanha me foi revelado e era mais ou menos assim:

`` Carneiro quer ganhar
 mais quem não possa governar
 mais a maioria é nossa
e a prefeitura de Sá

De madrugada de longe eu vi
Os Carneiros si esconder
E os Queiroga aparecer...``

O verso acima citado e a mim, confidenciado, são resquícios da memória de uma criança de 6 anos na época dos comícios, por motivos justos hei de conservar sua identidade oculta por pedido particular seu. E lembrou mais: - ``Sá Cavalcanti, venceu sem ter dinheiro para gastar na campanha e foi o melhor prefeito que esta cidade já teve``!
Seu Sá era muito popular entre os seus, e originalmente nordestino que era, apreciava o gosto de uma boa cachaça, e o fazia nos mais variados estabelecimentos desta cidade que tão bem administrava! Disse Paulo Ney, sobrinho da esposa de Sá.
Construiu diversas coisas como por exemplo a Praça Getúlio Vargas(que é a mais extensa do estado, medindo 216 metros de cumprimento por 09 metros de largura, trabalho da turma da Professora Maria do Socorro Martins, da escola João da Mata), com uma estátua a meio busto do seu homenageado e a praça Dr. José Queiroga, que quando estava pronta recebeu uma estátua de corpo todo de Argemiro Figueiredo, amigo particular do administrador do município e interventor do estado da Paraíba, mas esta estátua foi destruída por Jandhy Carneiro ao lhe suceder o poder em 1940, nas caladas da noite ), todas as luminárias das respectivas praças foram colocadas, o Coreto também foi obra sua. Construiu a coluna da hora, e derrubou- a ao perceber que não estava elegante tão próximo do Coreto, reconstruiu-a onde esta situada hoje (claro que não chegou a ver concluídas todas as suas aspirações administrativas)!
Segundo Antônio José de Sousa que cita na Grande Pombal pag.90-91, Francisco de Sá, apresentou uma mensagem a Câmara Municipal de Pombal na cessão de 18 de junho de 1936, onde discriminou seu plano de governo, que incluía:

- Arborização da cidade de Pombal e do povoado de Malta;
-Instalação de um motor da luz em Malta;
-Construção de uma Praça no ponto mais pitoresco da cidade de Pombal;
- Aquisição de um trator;
- Aquisição de diversos móveis para a prefeitura;
- Fórum;
- Terminar a construção do mercado publico;
- Construção de um açougue moderno;
- Cercar o perímetro urbano;
- Colocar Mata-burros e cancelas;
- Construção de mercados em Lagoa, Malta e Paulista;
 -Construção de grupos escolares em Lagoa, Malta e Paulista;
- Pagar a empresa de luz débitos que a administração anterior havia deixado;
- Construção de um hospital de 2º andar para atender a população;
- Construção do açougue publico da cidade;
- Construção do parque infantil, entre outras obras de suma importancia.



Todas as obras, todas, foram erguidas com recursos próprios, pois na época era pouco o dinheiro arrecadado, e não havia contribuição dos entes da federação (salvo nos casos das secas através da emergência).
Maria Dalva, uma popular da cidade revelou-me uma gracinha de seu Sá: - ``Contam, que certa feita seu Sá ordenou que as taxas fossem cobradas de todos os feirantes, todos sem exceção! Daí José Vicente que era o encarregado pela cobrança foi cumprir as ordens delegadas pelo o gestor, voltando este lhe disse: - ``Cobrei de todo mundo seu Sá, com exceção de um vendedor de Papagaio!  Seu Sá, retrucou o gesto: - `` Não falei todo mundo?! Aí este revelou: -``Eu não sabia como colocar! Seu Sá bem serio olha para José Vicente e fala: - `` Colocasse verdura! Aí todo mundo caiu na gaitada, nem mesmo o Vicente se agüentou!
Francisco de Sá, aconselhado por seu amigo Argemiro de Figueiredo interventor do estado, recém destituído, renunciou, abandonando o cargo nas mãos de António José de Sousa(secretário de Administração), mas encarregado-o de concluir as obras iniciadas em sua gestão, não foi possível todas!
Apesar de sua reputação esta na boca do povo, seu Sá era muito na dele, tratava todos os filhos por meu filho ou minha filha, mas tinha enorme admiração por Alba-Rosa(citada anteriormente como politiqueira do pai), pois ela era pau para toda obra no campo político.
Depois de deixar a política, mudou-se para a cidade de Patos-PB, por lá viveu 12 anos, assumindo o cargo de diretor da Cia de Águas Rurais, diga-se de passagem que foi o ultimo diretor da referida companhia, pois mais adiante foi denominada CAGEPA(assumindo o seu cargo de diretor o Dr. Severino Pereira), e em 1959 se muda para a capital do estado e assume a direção do Departamento de Estradas e Rodagens(DER).
Vítima do Fumo e da bebida, caiu enfermo, chegou a fazer uma bateria de exames, inclusive, Albânia sua filha me revelou, que fizeram uma biópsia (Uma pulsão, ato onde o Dr. Augusto de Almeida, retirou um líquido do seu pulmão), por volta das 14h00min, e no mesmo dia partiu às 22h00min, seus últimos instantes sobre esta terra foi junto da família e de uma amiga deles que atendia pela alcunha de Pretinha, no Hospital Santa Isabel em João Pessoa-PB. Suas ultimas palavras foram com certeza, às ave-marias do terço que junto com os seus recitava lentamente, depois se declinou sem vida.
Após a noticia de sua morte, Chico Pereira, o governador João Agripino, Isaías, e Antônio Mariz (na data Secretário da Educação no estado), queriam trazer o corpo do grande prefeito para ser sepultado em nosso solo pombalense, mas sua esposa Raimunda, recusou-se  por motivos de já não haver ninguém seu por aqui, além do pouco reconhecimento que lhe fora feito em vida.
Em conversa com Ildo Arnaud (Prefeito de Pombal em 1976), ele me revelou que deu o nome de Francisco de Sá Cavalcanti, ao paço da Prefeitura Municipal de Pombal em 12 de novembro de 1976, por ser ele o maior administrador que Pombal já viu. Revelou ainda que muito material de construção ficou estocado para a conclusão das obras iniciadas por ele. Também Cândido Queiroga seu cunhado(primeiro Prefeito de Paulista-PB), deu este  nome a uma escola de ensino Fundamental naquela cidade, quando Maria Rita Q. Villar, era diretora.
A Francisco de Sá Cavalcanti, pelo dinamismo, coragem e honestidade( pois terminou seus dias como prefeito desta cidade da mesma maneira que entrou, com poucas condições), provando que é possível ser administrador de recursos públicos e não se beneficiar! O meu muito obrigado, e que Deus o faça merecedor das suas recompensas e te conceda a paz!
Texto Paulo Sérgio(citando as Obras de escritores pombalenses como A Grande Pombal, O Velho Arraial de Piranhas e A Trajetória Política de Pombal)

Um comentário:

  1. Um certo dia um historiador romano que no momento não recordo o nome disse que Roma não era mais que seu povo, essa teoria se aplica bem a nos pombalenses, o que é Pombal se não sua gente.
    Parabéns mais uma vez ao blog por contar a história de nossa cidade através de histórias como essa.

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