sábado, 26 de novembro de 2011

Zeilto Trajano de Sousa (Radialista), 16 de abril de 1944 a 25 de agosto de 1982

 
                                        ``O Homem dos sete instrumentos.``

            Zeilto Trajano nasceu em Pombal, e era filho do casal Otacílio de Sousa e Mª Nery Trajano (Nely, in memória), tendo como irmãos, Maria do Socorro, Zelita, Francisca Zita, Maria do Carmo e Otacílio Trajano (este milita no rádio nos dias atuais). Começou suas atividades em microfone desde os tempos áureos de Serviço de Alto Falantes, iniciando na Difusora Rádio Maringá de propriedade do Sr. Raimundo Lacerda (Conhecido por Raimundo Sacristão) no começo dos anos sessenta em Pombal.
Exerceu na sua labuta o típico garoto propaganda, quando dos memoráveis queimas de tecidos das Lojas Paulista, fazia o seu périplo em um carro de som pelas ruas da nossa cidade e aos sábados animava as feiras na porta da loja, conclamando os transeuntes a comprarem mais barato. Em um desses queimas de tecidos a locução de Zeilto provocou uma fila enorme de pessoas para as compras. Ele dizia assim: “Quem quer vem, quem não quer manda, não mande ninguém em seu lugar, venha você mesmo comprar!”
Em 1962 numa determinada ocasião, Clemildo Brunet de Sá (filho de seu Napoleão Brunet de Sá, proprietário da Mercearia e Padaria Vitória nesta cidade) teve a oportunidade de se aproximar de Zeilto (no tempo da Difusora de Raimundo Sacristão), chance  única e imperdível! Naquele dia Clemildo deu os primeiros passos na radiofonia pombalense, fazendo a vez do chamado, nos nossos dias, operadores de som ou sonoplasta.
Zeilto fez Programa de Calouros dentro do próprio Studio da Difusora de Raimundo Sacristão, onde havia grande ajuntamento de pessoas. Agora era de praxe no crepúsculo da tarde quando os raios de sol começavam a declinar, Zeilto pedir ao seu aprendiz sonoplasta, Clemildo Brunet para tocar sua música predileta: “Tu Précio” de Bienvenido Granda, e depois ia para a esquina, entre as ruas Cel. Francisco de Assis e João Pessoa, acendia o cigarro, curtia a melodia que saía do Projetor de som do Mercado Público, que grave e forte enchia os ouvidos de quem passava naquele espaço:

                           ``Tu précio
                           Pude haberlo pagado
                          Sin tener que entragar-te
                           El corazon
                       Tus ânsias
                        Pude haber saboreado
                       No sabia que eras
                      Romance de ocasion
                      Malvada
                      Mi alma has destroçado
                      El amor que te di
                    Por otro lo has cambiado
                   Tu précio
                  Pude haberlo pagado
                 Es   demasiado tarde
                  Mui caro lo has cobrado`

Aos 22 de abril de 1963, na presença do Cônego Francisco Ferreira de Andrade ( na igreja Matriz), e perante as testemunhas Janduhy e Josafá Gouveia Muniz, contraiu núpcias com Francisca de Lima Sousa(filha do casal Osmídio Calixto e Maria das Dores de Lima, nascendo dessa união quatro filhas, suas grandes paixões. Eram elas elegantes garotas por nome: Nadja Rejane, Alba, Kátia e Márcia.
Em 1966, veio o Serviço de Alto Falantes “A Voz da Cidade” de propriedade do jovem rapaz Clemildo Brunet de Sá, cuja emissora tinha acoplado em seu sistema radiofônico um transmissor de fabricação caseira em ondas curtas, na freqüência de três mil setecentos e vinte e dois kilociclos. E Zeilto veio fazer parte, comandando alguns programas musicais, destaque para “Almoço a Brasileira”, Jornalístico: “O Positivo e o Negativo” além do “Comentário do Dia”, e apresentava também o noticiário da Emissora. 
No ano de 1967, Zeilto foi para a cidade de Cajazeiras-PB, para trabalhar na Rádio Alto Piranhas, aonde pouco tempo depois veio a exercer as funções de Diretor daquela emissora por sua competência. Foi em Cajazeiras que Zeilto veio a projetar-se no rádio sertanejo, e conquistou audiência na região com os programas criados por ele: “Discoteca Dinamite” de cunho jornalístico, o mais polêmico da época; o DDD e DDI, que apresentava crônicas em parceria com o médico Júlio Maria Bandeira, chegando a causar “frisson” na Polícia Federal, que especulava o significado dessas letras. 
“Nosso Encontro com Nelson” aos domingos, até hoje permanece na grade de programação da Rádio Alto Piranhas. Este programa ao completar 15 anos, Zeilto teve a proeza de trazer Nelson Gonçalves a Cajazeiras, para um show no sábado a noite, e no domingo, o Cantor esteve no Programa para uma entrevista ao vivo com o  criador de “Nosso encontro com Nelson”.
Nos eventos que se registravam em Pombal, Zeilto trazia a Rádio Alto Piranhas. Diz Clemildo: “Ainda me lembro, como fui honrado por ele em uma transmissão da Rádio Alto Piranhas direto do Cine Lux na cobertura da Convenção Municipal do MDB. Na ocasião eu era o locutor do Partido e ele, depois de fazer a conexão com a emissora, virou-se pra mim e me entregando o microfone disse: Se vire, e foi embora do local. De outra feita numa visita que eu fiz a Rádio Alto Piranhas, Zeilto me deu uma Carteira funcional nomeando-me repórter correspondente da emissora em Pombal”. 
A Festa do Rosário tornou-se ainda mais conhecida na região. Todos os anos, Zeilto a acompanhava transmitindo através da Rádio Alto Piranhas a parte religiosa da Festa. Outro evento que a Alto Piranhas se fez presente por seu intermédio, foi a Grande Festa realizada no Pombal Ideal Clube, intitulada: “A Paraíba em uma Noite”.
Zeilto ainda fez cobertura para a Rádio Alto Piranhas por ocasião da Inauguração da BR 427 (Rodovia Federal), que liga a nossa cidade a Paulista, São Bento, sítio Empoeiras e com o estado do Rio Grande do Norte, quando da vinda a Pombal do Ministro dos Transportes de Então, Mário Andreazza. 

Zeilto era por demais conhecido pela sua habilidade nas artes, era músico e como tal, fundou sua própria Orquestra em Cajazeiras, chamada “CHAVERON”; e pela versatilidade que possuía formou mais duas orquestras: a Chavereque e a Oritimbó, isto no decorrer de três anos, animando os Carnavais e matinês dos Clubes de Cajazeiras. Por sinal tocou vários Carnavais na região e uma vez animou um Carnaval no Pombal Ideal Clube. Chegou a compor uma música de Carnaval com o título: “Maroaje”.
Amou tanto a terra de Padre Rolim, que criou dois Slogans para enaltecer Cajazeiras: Costumava dizer nos microfones da Rádio Alto Piranhas: “Minha Linda Cajazeiras” e em uma vinheta da emissora: “Rádio Alto Piranhas a única emissora em Cajazeiras que o Nordeste conhece”. Após dezoito anos na Rádio Alto Piranhas, foi levar a sua voz para João Pessoa, capital do estado, assumindo a direção comercial da Rádio Arapuã e despertava os pessoenses com o seu Programa: “Café da Manhã”.
Um dia, no cumprimento de sua missão, Zeilto trilhou a sua última caminhada no rádio, compareceu ao aeroporto – Castro Pinto em João Pessoa-PB, para fazer a cobertura jornalística da visita do Presidente da República de então, General João Batista de Figueiredo( do Regime Militar), que veio a Paraíba cumprir agenda de compromissos do Governo Federal para com o nosso Estado. Com brilhantismo fez o seu ultimo trabalho e ao finalizá-lo, de repente, se sentiu cansado, debruçou-se sobre a direção de seu carro e disse: “Está escurecendo”, foram suas últimas palavras. Ficou em coma, acometido de um aneurisma cerebral e após alguns dias, nos deixou, no centro de terapia intensiva(CTI), da casa de saúde São Vicente de Paula em João Pessoa. Seu sepultamento foi realizado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo em Pombal com grande acompanhamento, principalmente de seus colegas de Profissão, tanto da Capital, quanto do interior. A Rádio Maringá, da qual Zeilto trajano, participou na inauguração fazendo a cobertura do evento,  transmitiu para uma rede de emissoras do Estado da Paraíba, a missa de corpo presente na Matriz do Bom Sucesso e acompanhou as homenagens no ``campo santo``, ocasião em que o Radialista e Jornalista Nonato Guedes seu discípulo, falou em nome dos colegas.
Zeilto cumpriu bem a sua missão sendo querido de todos os políticos que foram entrevistados por ele. Emudeceu sua voz que arrebatava ouvintes e empolgava multidões, ele era polêmico, vibrante, versátil, ativo e participante, em outras palavras, um polivalente e grande expoente da Comunicação sertaneja!
A Zeilto Trajano, o homem dos sete instrumentos, o nosso muito obrigado. Obrigado por aproveitar todos os seus dons recebidos e todas as oportunidades surgidas. De igual maneira concedestes aos que foram a sua procura e os presenteastes, permitindo que tivessem uma oportunidade de fazer comunicação. Que Deus o Nosso Senhor, te conceda a recompensa e também a tua paz.


                                                                                       Adaptação do texto de Clemildo Brunet de Sá, por Paulo Sérgio 

Um comentário:

  1. Ainda bem criança, Zeilto Trajano passou a fazer parte do meu cotidiano pondo um microfone em minha frente pra que participasse dos programas de auditorio na rádio do meu pai, a Maringá de Pombal, sua voz grave e encorpada ainda permanece em minha memória, lembrando também dos bons tempos da Discoteca Dinamite quando os políticos eram postos no canto da parede na Radio Alto Piranhas de Cajazeiras. Um profissional e tanto, corajoso, independente e com o dom de uma voz fabulosa. Saudade!!!

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